Justiça e Memória: Ato na Praça Lamartine Babo pede tombamento do DOI-Codi e criação de museu em memória à ditadura militar no Brasil

A luta por justiça e memória em relação aos horrores da ditadura militar no Brasil ganhou destaque em um ato realizado neste sábado, na Praça Lamartine Babo, na Tijuca. O evento contou com a presença de familiares de vítimas, ex-presos políticos e representantes da sociedade civil, que reforçaram o pedido pelo tombamento federal do prédio do antigo DOI-Codi e a criação de um museu em memória ao período. O local foi descrito como um verdadeiro “portal do inferno”, onde ocorreram torturas e execuções durante o regime militar.

Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, enviou uma carta emocionante, lida durante o ato, em que destacou a importância da memória, verdade e reparação. Ela ressaltou a conquista recente na retificação de atestados de óbito para reconhecer mortes por assassinato, como no caso de seu pai, representado no filme “Ainda estou aqui”. A criação de marcos de memória foi enfatizada como forma de honrar aqueles que resistiram e perderam suas vidas durante o regime ditatorial.

A cineasta Lucia Murat, ex-presa política e diretora do filme “Que bom te ver viva”, compartilhou relatos dolorosos de sua experiência de tortura no DOI-Codi. Ela mencionou práticas violentas, como choques elétricos, espancamentos e até mesmo o uso de baratas como instrumentos de tortura. Lucia ressaltou a importância da responsabilização dos envolvidos, mesmo após suas mortes, e afirmou que a justiça deve prevalecer para garantir que tais barbáries não se repitam.

Álvaro Caldas, autor do livro “Tirando o capuz”, também presente no ato, relatou sua própria experiência como sobrevivente do regime militar. Ele descreveu as condições de tortura a que foi submetido durante sua prisão no DOI-Codi, destacando a necessidade de preservar a memória desses eventos para evitar sua repetição. Mencionou a importância do tombamento do prédio como forma de reparação histórica e de garantia de que tais atrocidades não sejam esquecidas.

O protesto, promovido pela ABI, pelo Grupo Tortura Nunca Mais RJ e pela ONG Rio de Paz, reuniu diversas vozes em prol da justiça e da memória. O pedido pelo tombamento do prédio do antigo DOI-Codi e o fim das atividades do 1º Batalhão de Polícia do Exército no local foram ressaltados como medidas essenciais para a preservação da história e a garantia de que a verdade seja reconhecida. A resistência em manter viva a memória daqueles que foram vítimas da ditadura militar segue como um ato de justiça e de luta pela garantia de um futuro mais justo e democrático para o Brasil.

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