A Justiça de Minas Gerais negou parte do nome africano Tumi Mboup para o registro de uma criança em Belo Horizonte. O prenome Tumi foi aceito, mas Mboup foi vetado sob a alegação de apresentar dificuldades de pronúncia e não deixar claro se era um prenome ou sobrenome. Os pais, o sociólogo Fábio Rodrigo Vicente Tavares e a historiadora Kelly Cristina da Silva, pretendem recorrer da decisão.
Tumi Mboup foi a escolha dos pais para homenagear a origem africana da filha. No entanto, após enfrentarem a recusa em dois cartórios na capital mineira, a situação ganhou destaque na mídia. A questão central foi a interpretação sobre a clareza do registro civil, levando a Justiça a considerar o termo “Mboup” problemático devido à potencial dificuldade de pronúncia no Brasil.
Apesar de “Tumi” significar lealdade e “Mboup” ser um sobrenome comum em países africanos como Senegal, a batalha legal dos pais em garantir que a filha seja oficialmente registrada com o nome desejado revela um ato político de reafricanização e resistência à colonização. O impasse reflete uma luta pela preservação da identidade e ancestralidade da criança desde o nascimento.
Após o nascimento da bebê em setembro, os pais enfrentam a falta de certidão de nascimento devido à negativa nos cartórios. A busca por autorização judicial para o registro do nome escolhido representa a determinação da família em manter a decisão tomada. A mãe, Kelly, expressou frustração com a falta de diálogo nos cartórios, destacando a importância do nome como um motivo de existência e luta para a família.
O significado profundo do nome escolhido por Fábio e Kelly vai além das simples palavras, conectando-se com valores de ancestralidade africana e resistência contra a colonização. A escolha atesta o desejo de reafirmar a identidade e origem da criança. A recusa nos cartórios de registrar um nome com origem africana evidencia um embate entre tradição e normas burocráticas, ressaltando a importância da representatividade cultural na sociedade.
A luta dos pais pelo registro do nome Tumi Mboup destaca a importância da diversidade e da valorização das raízes culturais em um contexto que muitas vezes se mostra limitado por padrões preestabelecidos. A resistência em nomear a criança como desejado pelos pais reflete não apenas uma questão jurídica, mas também uma busca por respeito e reconhecimento da identidade cultural e étnica da família.