Casos de infecção por HIV decorrente de órgãos transplantados continuam sem condenação um ano após a exposição do caso. Seis pacientes foram infectados após receberem órgãos que foram liberados mediante exames falsos negativos realizados pelo Laboratório PCS Saleme. Os réus enfrentam acusações que vão desde associação criminosa até falsificação de documentos.
O incidente veio à tona no ano passado, quando seis pacientes foram submetidos a transplantes de órgãos contaminados com o vírus HIV devido a resultados inadequados dos testes realizados pelo Laboratório PCS Saleme, localizado em Nova Iguaçu. A empresa, que visava reduzir custos, deixou de realizar testes essenciais, resultando na contaminação dos pacientes.
Um dos pacientes afetados, um homem de 77 anos, relata a angústia vivida desde a descoberta da infecção, a partir de um fígado transplantado em maio do ano anterior. Mesmo com a carga viral reduzida, o medo permanece presente, refletindo a incerteza em relação ao futuro e possíveis complicações. A necessidade de tomar antirretrovirais diariamente faz parte da rotina do idoso, que conta com o apoio de seus familiares.
Entre o momento do transplante e a identificação da contaminação, o paciente passou por um período crítico de saúde, incluindo perda de peso, lapsos de lucidez e hospitalizações frequentes. A investigação dos casos revelou que houve falhas graves nos processos do laboratório terceirizado, desencadeando uma série de consequências devastadoras para os pacientes.
O julgamento dos seis réus começou no início deste ano, abrangendo acusações que vão desde lesão corporal até falsificação de documentos. Enquanto a Justiça busca responsabilizar os envolvidos, os pacientes lutam para lidar com as sequelas físicas e emocionais decorrentes da negligência.
A falta de diligência na realização dos exames obrigatórios resultou em consequências graves para os pacientes transplantados, impactando não apenas suas vidas, mas também a confiança no sistema de transplantes como um todo. A situação levou a um Termo de Ajustamento de Conduta com o governo estadual, visando a indenização das vítimas e a implementação de medidas para evitar que episódios semelhantes ocorram no futuro.




