Do início em projeto social à convocação: lateral realiza sonho na Seleção e ao lado de Marta
Fátima Dutra, da Ferroviária, foi convocada pela primeira vez para Seleção principal e entrou em campo na primeira partida contra o Japão; times voltam a se enfrentar nesta segunda
Brasil 3 x 1 Japão | Melhores momentos | Amistosos | Amistosos da Seleção feminina 2025
O brilho nos olhos de quem está realizando um sonho é presente em Fátima Dutra, lateral e destaque da Ferroviária, que foi convocada pela primeira vez para a seleção brasileira feminina.
Do interior do Ceará, a jogadora teve apoios importantes na sua carreira, começando por um projeto de futebol feminino: o Menina Olímpica. Fátima e seu pai encontraram o local por meio das redes sociais. A lateral teve Luciano como o seu primeiro treinador e assim se encaixou na modalidade.
– Participar do Menina Olímpica foi o passo mais importante da minha vida. Tive que decidir se era realmente o futebol que queria. Deixei tudo que tinha e fui atrás desse projeto. Lá disputei o Campeonato Brasileiro Sub-20, me destaquei e segui minha carreira. Sou eternamente grata, eles abriram as portas para mim, acreditaram no meu potencial – lembrou Fátima.
– Ela chegou para mim dizendo que era lateral. Eu disse: Fátima, você não quer ter uma vivência de atacante? de ponta? Tanto que, hoje, ela faz as duas posições perfeitamente. A gente percebe de início quando a atleta tem o foco – contou o seu primeiro treinador.
A menina precisou sair cedo de casa e investir no seu sonho, que era jogar bola. A jogadora teve o apoio enorme da sua família. Foi seu próprio pai que a levou para atuar pelo Menina Olímpica.
Idealizador do projeto, Chagas Ferreira relembrou o momento em que a menina chegou ao Menina Olímpica buscando realizar o seu sonho.
– Muito determinada, sabia o que vinha fazer. Disse para o pai dela: está no lugar certo. Hoje, temos espelhos para mostrar para essas meninas. A gente chega numa fotografia e mostra: Olha, essa daqui, está brilhando. Então, vocês podem brilhar também – contou.
Ao longo de sua carreira, junto com Chagas Ferreira, a lateral contou com alguns “anjos da guarda”, que ofereceram para ela auxílios que ajudaram em seu crescimento.
– Meu pai foi um deles, junto com minha mãe, ele sempre me dizia que eu ia ter alguma oportunidade e iria encontrar. Eles são a minha base, sempre me apoiaram. Eles descobriram o projeto em um dia e no final da semana já estava mudando.
– Tem outras pessoas que me ajudaram nessa caminhada. Chagas, Juliana Moraes, Ronaldinho e Victor Hanover são exemplos. Eles me ajudaram porque queriam me ajudar, acreditavam em mim. Foram pessoas essenciais para eu ser o que sou hoje – disse a lateral.
Durante a conversa com o ge, Fátima se mostrou muito agradecida por todos os acontecimentos e, principalmente, por três times que passou. O Menina Olímpica, o XV de Piracicaba e o Ceará, em parceria com o projeto.
Ter sido destaque nessas equipes fez com que a lateral pudesse alcançar novos voos em sua carreira. A jogadora passou quatro temporadas em Portugal, por Torreense e Braga. Naquele momento, Fátima teve um amadurecimento maior profissional e pessoal, mudando a cabeça e se enquadrando como atleta.
– Ultrapassou meus limites como pessoa e atleta, no psicológico e físico, porque eu não estava acostumada. Minha evolução no futebol foi ainda maior, me tornei mais profissional. Desenrolei muita coisa em Portugal.
Fátima voltou ao Brasil para atuar pela Ferroviária e é um dos destaques do Campeonato Brasileiro de 2025. A lateral atuou no segundo tempo do amistoso contra o Japão, que aconteceu na última sexta na Neo Química Arena.
O projeto em que Fátima foi revelada já fez parte da vida de outras jogadoras do futebol feminino e, cada vez mais, alcança novos locais.
O SENTIMENTO DA SELEÇÃO BRASILEIRA
Em sua primeira convocação, a lateral já atuou pela Seleção, entrando aos 37 do segundo tempo contra o Japão.
– Estava muito feliz e tranquila. Foi muito emocionante porque a atmosfera do estádio estava linda desde o início e só melhorou com o nosso resultado positivo. Até o terceiro dia de convocação eu não estava acreditando que estava ali, sendo sincera. Desde muito nova sonhei em estar aqui, e sei o quanto foi difícil chegar – contou.