Laudo da Polícia Federal aponta 44 postos de Curitiba com abastecimento inferior ao indicado na nota fiscal

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De 50 postos analisados em Curitiba e Região, 44 abasteciam menos do que o indicado na nota fiscal, aponta laudo da Polícia Federal

Investigadores da Polícia Federal coletaram, disfarçados, amostras de gasolina comum para investigação que apura adulteração na qualidade dos combustíveis ou na quantidade indicada na bomba.

Laudo da Polícia Federal detalha resultados das amostras dos combustíveis

Dos 50 postos de combustíveis de Curitiba e Região Metropolitana que foram analisados pela Polícia Federal (PF), 44 abasteciam menos do que o indicado na nota fiscal. Eles são investigados por um suposto esquema de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis.

Investigadores da Polícia Federal coletaram, disfarçados, as amostras de gasolina comum para a investigação que apura a adulteração na qualidade dos combustíveis ou na quantidade indicada na bomba.

A RPC teve acesso ao laudo da perícia. Conforme o documento, as coletas aconteceram entre os dias 26 de maio a 6 de junho de 2025.

Segundo o documento, apenas 6 das 50 amostras coletadas apresentaram a quantidade correspondente ao que estava descrito na nota fiscal fornecida pelos postos.

Nos outros 44 casos, os postos forneceram menos combustível do que o indicado na bomba, com diferenças que variaram de 1% até 8,1% a menos do que o pago pelo consumidor.

O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) determina que a variação aceitável entre o volume real e o informado é de até 0,5% para mais ou para menos.

Além de verificar se a quantidade de gasolina colocada no tanque correspondia ao que estava registrado na nota fiscal, a perícia também analisou o se o aspecto, o teor de etanol e a massa específica estavam dentro das especificações de qualidade determinadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A análise apontou que 28 das 50 amostras apresentaram qualidade inferior do que o exigido.

As conclusões do laudo servirão de suporte para a sequência das investigações do esquema.

As notas fiscais recolhidas pelos investigadores e as sobras das amostras de combustíveis coletadas nos postos ficarão sob custódia. A intenção é garantir aos donos de postos o direito à contraprova dos testes.

Operação mira 46 postos de Curitiba por lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis

Os postos de combustíveis que reprovaram nos testes foram alvos da Operação Tank, deflagrada na quinta-feira (28).

Conforme as investigações, a suspeita é que a adulteração na qualidade dos combustíveis ou na quantidade indicada na bomba é apenas um dos aspectos de um esquema de lavagem de dinheiro, do tráfico de drogas e de outras atividades do crime organizado.

A PF explicou que a lavagem de dinheiro seguia três etapas: colocação, dissimulação e integração.

Colocação: o dinheiro ilegal entrava na economia formal por depósitos em espécie, muitas vezes fracionados em pequenas transações, além de transferências feitas por empresas de fachada registradas em nome de laranjas.

Dissimulação: os valores circulavam entre diferentes empresas do grupo, com simulações de operações e fraudes fiscais.

Integração: os recursos voltavam ao mercado como se fossem legais, registrados em contabilidade fraudulenta da distribuidora.

Ao todo, foram identificados R$ 594 milhões em depósitos em espécie sem origem comprovada. Parte do dinheiro foi disfarçada como “adiantamento de clientes” ou movimentada por postos e lojas de conveniência.

Os valores eram transportados em carros-fortes de empresas de pagamento também controladas pelo grupo.

O grupo também fraudava importações de produtos químicos, principalmente nafta e metanol, vindos da Argentina, Venezuela, EUA e países do Oriente Médio. As cargas chegavam pelos portos de Paranaguá, Santos e Aratu.

Há indícios de sonegação fiscal, adulteração de combustíveis e até fraude nos medidores de bombas de gasolina. A dívida tributária acumulada junto à Receita Federal pode ultrapassar R$ 1,6 bilhão, incluindo autuações por sonegação fiscal e por fraude em importações.

Mais de 120 empresas suspeitas ainda transferiram cerca de R$ 1,4 bilhão sem qualquer justificativa.

No total, os investigadores estimam que mais de R$ 20 bilhões tenham circulado entre 2019 e 2025 em empresas sem declarações fiscais correspondentes.

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