Lavagem de dinheiro do PCC: caso Gritzbach expõe complexidade e ligação com policiais

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Caso Gritzbach: morte de delator revelou complexidade da lavagem de dinheiro do
PCC e infiltração do crime na polícia

Execução de delator no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, há um
ano, revelou esquema de lavagem bilionário da facção e envolvimento de agentes
públicos com o crime organizado.

Gritzbach: por que 3 investigações apuram ligaçao de delator com policiais e
facções

A investigação sobre a execução do corretor de imóveis Antônio Vinicius
Gritzbach no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), que completa um ano neste sábado (8), não se restringiu apenas ao
assassinato do “delator do PCC”. Também expôs a complexa estrutura de lavagem de
dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e a conexão de policiais com o
crime organizado.

Nos últimos 12 meses, a Polícia Civil, a Corregedoria da Polícia Militar, a
Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) avançaram em
diferentes frentes. Policiais civis e militares foram presos, e os executores do
crime, identificados, mas os mandantes e o “olheiro” que indicou o desembarque
seguem foragidos.

Além da investigação sobre o assassinato, o “caso Gritzbach” trouxe a público
ainda mais detalhes de esquemas estruturados de corrupção policial e extorsão,
como o PCC usou a construção civil e fintechs para lavar dinheiro do tráfico,
operações bilionárias envolvendo agentes públicos e como essa engrenagem
permitiu a expansão transnacional da maior facção criminosa do Brasil.

Promotores de São Paulo afirmam que a estrutura de lavagem de dinheiro do PCC é
complexa, e os criminosos usam brechas para conseguir lavar dinheiro por meios
legais.

“O que temos visto é um outro patamar que atingiu o crime organizado, se
sofisticou nessa engenharia financeira de lavagem, que começou lá atrás,
utilizando doleiros. No começo, até enterrando dinheiro em casas-cofre. Hoje,
utilizando brechas legais e muito bem assessorados, esses criminosos estão
operando no mercado financeiro formal”, afirmou o promotor de Justiça Lincoln
Gakiya em uma entrevista em fevereiro.

Quadro da investigação do caso Gritzbach e as novas frentes de
investigação, em sala do DHPP — Foto: Divulgação

Antes de ser executado, Gritzbach havia fechado um acordo de delação premiada
com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Em
troca, ele buscava a liberação de bens e patrimônio bloqueados em processos que
respondia na Justiça. Mas muito do que foi dito por ele só foi confirmado ou
teve andamento depois do assassinato (veja abaixo algumas operações).

No último ano, operações deflagradas pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público de São Paulo, como a Tacitus e a Augusta, prenderam policiais civis,
empresários e advogados que atuavam para favorecer ilegalmente pessoas
investigadas em inquéritos criminais ou arquivar investigações, mediante o
pagamento de propina, além da venda de proteção a criminosos e corrupção para
beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.

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