Lázaro Barbosa frente a frente com a juíza, confira o depoimento

Ainda digitado em uma máquina de escrever, o depoimento de Lázaro à Justiça da Bahia revela que criminoso é uma pessoa comum, sem o ar mítico que polícia e imprensa tentam imprimir ao acusado. Confira!

Aos 15 (quinze) dias do mês de abril de 2009, às 11h30m na presença da Exmº. Dra. Dalia Zaro Queiroz, Juíza de Direito da Comarca de Barra do Mendes-Bahia, no Fórum Alberic Campos, na sala das audiências, comigo escrevente do seu cargo abaixo assinado, servindo de porteiro o Oficial de Justiça designado, pela escrevente, foram apresentados os autos de nº 909/2008 que a Justiça Pública move contra LÁZARO BARBOSA DE SOUSA, como incurso nas penas do artigo 121, parágrafo 2, IV, c/c art. 71 parágrafo único do C. Penal. Feito o pregão de lei, foi dada por fé a presença da “Representante do Ministério Público na pessoa do Doutor André Garcia de Jesus e do denunciado LÁZARO BARBOSA DE SOUSA. Foi concedido ao interrogado entrevista reservada com Advogado nos termos do artigo 185 S II do/ CPP. Após passou a MM. Juíza a interrogar o réu na forma que segue:

P- Qual o seu nome?

R -— Lázaro Barbosa de Sousa
P- De onde é natural?
R- Barra do Mendes
P- Qual o seu estado civil?
R- solteiro
P. Qual a sua idade?
R- 20 anos, 27/08/1988
P. De quem é filho?
R- Eva Maria de Sousa e Edinaldo Barbosa Magalhães
P. Onde reside?
R – Povoado de Melancia
P. Quais os meios de vida ou profissão e em que lugar exerce a sua atividade?
R- que trabalha em tudo, em roça.
P. Sabe ler e escrever?
R- Sim, estudou até a 7º série. Que parou de estudar para trabalhar.

Em seguida a MM. Juíza, depois de haver observado ao acusado que nos termos da constituição não está obrigado a responder as perguntas que lhe forem formuladas, e que o seu silêncio não poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa, e de ter-lhe cientificado da acusação que lhe estava sendo intentada passou a interrogá-lo na forma do artigo 188 do CPP como se segue:

P- Onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta?
R- que no dia do fato o depoente estava no Povoado de Melancia;
P. Se conhece as provas já apuradas contra a sua pessoa?
R- não
P. Se conhece as testemunhas do processo e desde quando?
R- sim
P. Se tem alguma coisa a alegar contra as testemunhas?
R — não
P. Se é verdadeira a imputação que lhe é feita?
R — sim.

P. Se pode dizer todos os demais fatos e pormenores que conduzem à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração?
R — que um tempo atrás o interrogado com sua mãe morava perto da vítima Manoel; que Seu Manoel começou a ter rixa com o interrogado e sua família por causa de cachorro, galinha; que a rixa com a mãe do interrogado e o padrasto; que então mudaram para uma casa mais distante da casa de Seu Manoel; que mesmo assim seu Manoel gostava muito de procurar indaga com a família do interrogado; que Seu Manoel chegou a ameaçar a mãe do interrogado; que a mãe do interrogado foi falar com seu Manoel e a situação ficou mais ou menos resolvida; mesmo assim depois Seu Manoel encontrou o interrogado e sua mãe na estrada e começou a discutir com sua mãe acusando a família do interrogado de ter jogado osso para o gado dele morrer; que ele pegou uma garrafa e tentou agredir o interrogado; que chegou a atingir o braço do interrogado cuja marca tem até hoje; que depois desse fato a mãe do interrogado mandou o interrogado ir embora para Goiás; que o interrogado foi para o Goiás ficou um ano trabalhando lá; que então voltou para a Melancia; que a mãe do interrogado continuou morando na Melancia; que quando o interrogado voltou as ameaças continuaram, não diretamente mais ele dizia que se visse eles atropelava; que a mãe do interrogado tornou a mandar o interrogado para o Goiás e o interrogado foi para o Goiás; que ficou um tempo lá arrumou um emprego para mãe e ela foi pra lá; que o interrogado ficou lá mais um ano e voltou para Melancia para passear; que no domingo (dia anterior ao fato) o interrogado juntamente com Joezio alugou uma moto para passear; que o interrogado acabou bebendo demais; que chegou em casa meio bêbado; que tomaram mais duas doses de cachaça e foi levar Joezio para casa dele; que foram a pé pois a moto já tinha entregue; que como era de noite para não sair sem nada com receio o interrogado saiu com a espingarda; que o interrogado levou na volta o interrogado bateu na casa de Adriana; que Adriana morava só e o interrogado queria só fazer medo para ela; que Adriana começou a gritar e o interrogado saiu; que ainda estava escuro; que quando o interrogado avistou viu uma pessoa atrás dele com um cachorro; que não sabia quem era; que então atirou pra trás não tinha noção de quem estava atrás do interrogado; que na hora que o interrogado atirou a pessoa gritou então o interrogado reconheceu pela voz que se tratava de um conhecido do interrogado; que se tratava de Carlito; que o interrogado então saiu correndo; que foi para casa e ficou pensando no que tinha feito; que Manoel era padrasto de Carlito; que o interrogado ficou pensando que na hora em que Manoel ficasse sabendo do ocorrido iria querer matar o interrogado; que então o interrogado foi para casa de Seu Manoel e chegando lá chamou Seu Manoel; que quem veio foi o filho de Seu Manoel chamado Edejalma; que na hora que Edejalma viu que era o interrogado entrou na casa e disse “ é o Lázaro”; que na hora que seu Manoel Vinha de dentro de casa já vinha com alguma coisa; que o interrogado não sabe o que era pois já estava escuro; que quando o interrogado viu que ele estava armado com alguma coisa, com medo de que ele atirasse o interrogado atirou também; que depois que atirou no Seu Manoel o interrogado não sabia que ele tinha morrido e com medo dele correu; que então ficou fugindo da policia por uns oito dias e depois se entregou, resolveu pagar pelo que tinha feito; que antes de ir para casa de Seu Manoel o interrogado passou na casa de Seu Getúlio e falou para Getúlio que tinha atirado em Carlito; que em seguida o interrogado foi em direção a casa de Manoel; que o interrogado foi para casa de Manoel já com intenção de matar Manoel já com medo da vingança de Manoel; que a parte do interrogatório em que consta que o interrogado tinha ido para casa da Adriana roubar a moto foi colocada pelo delegado.

P. Se foi preso ou processado alguma vez, e caso afirmativo qual o Juízo do processo qual a pena imposta e se a cumpriu?
R- não
P. Se tem Advogado?
R- sim. Drº Nivaldo
P. Se tem algo mais a alegar em sua defesa?
R- não
Perguntado ao MP se tem algo mais a ser esclarecido e à perguntas deste, respondeu:
R- que não chegou a entrar na casa de Carlito; que no interrogatório feito pelo delegado o interrogado estava com a cabeça quente e com a perna doendo e que não disse quase nada; que a maioria das coisas foi completado pelo delegado; que o interrogado não entrou na casa de Carlito; procurando por Adriana; que Adriana era uma amiga do interrogado; que o interrogado encontrava com ela na casa do pai dela mas nunca teve aproximação com ela; que o interrogado não encontrou Willian; que das pessoas que encontrou além das vítimas foi Edjalma; que não encontrou Carisvaldo de jeito nenhum; que depois de ter atirado em Seu Manoel o interrogado fugiu; que na casa de Carlito não encontrou ninguém; que Carlito estava atrás do interrogado e o interrogado não sabia que se tratava de Carlito; que durante o tempo que esteve fugido o interrogado não ameaçou ninguém; que quando estava fugido o interrogado estava com a mesma arma; que durante o período em que estava foragido entrou para almoçar na casa de um vizinho encontrou a cartucheira e ficou com a cartucheira dispensando a espingarda que quando pegou a cartucheira pegou também um carro; que tentou sair com o carro mais o carro quebrou a direção; que então deixou o carro e continuou andando a pé; que antes do fato o interrogado nunca tinha intenção de matar ninguém; que achava um horror; que não tinha intenção de matar Adriana; que atualmente acha triste nem por ele mesmo mais pelas filhas e esposa de Carlito; que acha difícil encarar a realidade e saber que fez isso; que se arrepende muito de ter matado Manoel; que não se lembra de ter dito a Joezio que tinha um relacionamento ás escondidas com Adriana; As perguntas do advogado da defesa respondeu que: que todos. os dias, ia para casa de Carlito; que tinha amizade com todas, as pessoas que moravam na casa de Carlito; que a espingarda que utilizou era do interrogado; que era difícil o interrogado andar armado; que só utilizava ela quando ia pro mato a noite ou quando ia/ caçar; que Carisvaldo não estava na casa de Seu Manoel no momento “do fato;“que/foi para casa de Manoel mais ou menos com a intenção de matá-lo, mas acha que não teria matado ele se ele, não tivesse vindo com alguma coisa que parecia ser uma arma; que oito dias após os fatos o interrogado se entregou na delegacia de Barra do Mendes; que após os fatos o interrogado não teve contato com as famílias das vítimas.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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