‘Lente de Aumento’: PMs recusam propina e São Flagrados Roubando R$ 1,5 mil do Preso: Câmeras corporais revelam fraude e desvio de dinheiro

‘Lente de Aumento’: gravações de câmeras corporais revelam fraude, roubo de
dinheiro do preso e a recusa de propina por PMs

No 4º episódio da série, as imagens mostram como PMs recusam pagamento de propina e prendem um suspeito de tráfico de drogas. Por outro lado, policiais levam R$ 1,5 mil de um detido.

Durante uma operação em fevereiro de 2024 na favela do Mundial, em Honório Gurgel, PMs apareceram tapando a lente das câmeras corporais. Minutos depois, um homem aparece detido, e a lente é novamente coberta. Policiais ainda trocaram de câmeras durante a operação, o que não é permitido.

No 4º episódio da série “Lente de Aumento”, as imagens mostram como PMs recusam pagamento de propina e prendem um suspeito de tráfico de drogas. Por outro lado, flagram policiais roubando R$ 1,5 mil de um detido durante uma operação.

* PM 1: “Essa aqui é minha. essa aqui não sei de quem é”.
* PM 2: “Eu te dei a minha”.
* PM 1: “Uma tá no meu bolso”.
* PM 2: “Não, botei a minha aqui”.
* PM 1: “Acho que essa aqui que é a minha”.

“O policial presta depoimento. Se as imagens da câmera que se atribui a ele não batem com o que ele narra, ele vai ter um problema. Porque ele vai ter que explicar que mágica foi essa. Ou ele está mentindo ou ele fez alguma coisa com a câmera né”, afirmou Paulo Roberto Mello Cunha, da 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar.

Uma investigação do Ministério Público pediu as imagens das câmeras de mais de 5,7 mil PMs. Apenas 2 mil foram enviadas.

Entre os motivos, estão a ausência de câmeras durante a ocorrência, não acionamento de um botão para salvar os arquivos ou as baterias do equipamento terem descarregado.

ROUBO DE R$ 1,5 MIL

Uma diálogo registrado pelas câmeras na mesma operação de Honório Gurgel chamou a atenção da Defensoria Pública:

“Tem que olhar isso aí, mano. Da mesma forma que é dinheiro, é arma, granada”,
afirma um policial.

“Esse é dinheiro é o que? Para pagar aluguel? Tem R$ 1,5 mil aqui? “, questiona
o agente a um morador.

A defensora Rafaela Garcez afirmou que pediu mais informações sobre o caso porque, ao analisar o registro de ocorrência, viu que não havia sinais de apreensão do dinheiro.

> “Nós oficiamos a 40ª DP (Honório Gurgel) e houve a informação que realmente
> não houve apreensão. Então, esse caso aqui, essas câmeras captaram essa
> situação em que o policial furtou esse valor de um réu”, afirmou a defensora.

A Defensoria pediu a abertura de uma investigação pelo Ministério Público e
Corregedoria da PM. A suspeita é que os policiais praticaram falsa comunicação
de crime, fraude processual e furto na operação.

“Isso acaba descredibilizando a ação da polícia. e o maior patrimônio simbólico
que uma força policial tem é sua legitimidade, é sua credibilidade”, disse o
coronel Robson Rodrigues.

PROPINA RECUSADA

As imagens de câmeras também revelaram o momento em que um preso por tráfico de
drogas tentou comprar sua liberdade para os PMs que realizaram a prisão em Magé,
na Baixada Fluminense.

* PM: Quanto você quer pagar pra gente?
* Detido: Uns R$ 2 mil, por aí.
* PM: R$ 2 mil? Conta quantos homens tem aqui.
* Detido: Quatro. vamos desenrolar. R$ 5 mil, tem como?
* PM: A gente não faz acordo com vagabundo
* PM: Você está preso por tráfico e por tentativa de corrupção.
* Detido: Bora desenrolar, suave. Não faz isso comigo de novo não.
* PM: Preso por tráfico e tentativa de corrupção.

“As pessoas que trabalham corretamente não temem a transparência e as câmeras
corporais elas são benéficas para o policial e para a população. Então, as
câmeras, do mesmo jeito que a gente falou da possibilidade da gente detectar um
desvio, uma falha, ela também pode detectar uma boa ação e ser um fator de
promoção desse policial”, pontuou a Tenente-Coronel Cláudia Moraes, porta-voz da
Polícia Militar.

RESPOSTA DA PM

A Polícia Militar disse que abriu um procedimento pra apurar a conduta dos
policiais envolvidos em casos em que as lentes foram obstruídas.

Sobre o caso em que o PM teria se apropriado do dinheiro que estava com um réu,
a corporação disse que a corregedoria também determinou a abertura de um
procedimento pra apurar a conduta dos policiais.

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Jovem baleada no Rio: família denuncia demora no socorro pela PRF

Policiais rodoviários demoraram a socorrer jovem baleada no Rio, diz mãe

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada em estado gravíssimo. Família diz que processará o Estado.

Em depoimento, policiais da PRF reconhecem que atiraram em carro de jovem no Rio.

Baleada na cabeça na véspera de Natal, quando deixava a Baixada Fluminense para uma ceia em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Juliana Rangel, de 26 anos, demorou a ser socorrida pelos policiais, de acordo com a mãe da jovem.

Dayse Rangel, mãe de Juliana, falou da demora no atendimento. “Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitado no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: ‘não vão socorrer não?’, questionou a mãe da jovem.”

A família da jovem estava na BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e seguia para a ceia de Natal, em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A família foi surpreendida pelos disparos realizados por 3 policiais rodoviários federais.

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040. Dayse Rangel disse que quando viu os policiais, a família chegou a abrir passagem para a chegada deles ao carro, mas os agentes federais só atiraram. “A gente até falou assim: ‘vamos dar passagem para a polícia’. A gente deu e eles não passaram. Pelo contrário, eles começaram a mandar tiro para cima da gente. Foi muito tiro, gente, foi muito tiro. Foi muito mesmo. E aconteceu que, quando a gente abaixou, mesmo abaixando, eles não pararam e acertaram a cabeça da minha filha.”

Alexandre Rangel, pai da jovem, contou o que aconteceu: “Vinha essa viatura, na pista de alta (velocidade). Eu também estava. Aí, liguei a seta para dar passagem, mas ele em vez de passar, veio atirando no carro, sem fazer abordagem, sem nada. Aí falei para minha filha ‘abaixa, abaixa, no fundo do carro, abaixa, abaixa’. Aí eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha.”

Juliana Rangel, atingida na cabeça, foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. O estado de saúde dela, até às 22h desta quarta-feira (25), era considerado gravíssimo. A jovem foi medicada, passou por cirurgia e está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Os agentes usavam dois fuzis e uma pistola automática, que foram apreendidos. Em depoimento, os agentes reconheceram que atiraram contra o carro. Eles alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do veículo e deduziram que vinha dele.

Vitor Almada, superintendente da PRF no RJ, disse que, em depoimento, os policiais alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro, deduziram que vinha dele, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal.”

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