Liberação do João Leite causa polêmica entre ambientalistas; falta de fiscalização pode ser a maior ameaça

Responsável por dois terços da produção da água distribuída em Goiânia e na Região Metropolitana, o Ribeirão João Leite pode se tornar um espaço de lazer para a população goiana. A proposta polêmica encabeçada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), no entanto, deve enfrentar muita resistência.

A ideia mais questionável no projeto é transformar o lago criado para abastecimento público em uma opção para práticas esportivas que não envolvam veículos aquáticos motorizados. Em uma audiência pública realizada nesta segunda (18), ambientalistas e membros de organização civil criticaram esse tipo de uso.

Alguns especialistas defendem que o problema não seria o impacto ambiental causado pela presença humano no bioma, mas a falta de fiscalização, independentemente do acesso ao público aos Parque Estadual do João Leite (Pejol) e do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP).

O professor do Instituto de Estudos Sócio Ambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Batista de Deus, explica que seriam necessários estudo e manejos corretos para viabilizar a novidade. Segundo ele, bastaria identificar áreas mais sensíveis, criar zonas especiais e impedir o acesso de pessoas nessas regiões. O comprometimento da água depende da forma do uso, na opinião dele.

“Se nós, seres humanos, vamos entrar, vamos modificar o meio ambiente para garantir a segurança das pessoas que visitam, como cuidado com animais. Será que o Estado fará da forma como deve já que não cumpre o que tem que fazer? A fiscalização é deficitária. Falta pessoal, equipamento, não tem áreas em sinergia de educação ambiental com meio ambiente”, afirma.

A possibilidade de aceitar a entrada de público e a natural degradação do lugar é considerada ameaçadora por alguns participantes da audiência em defesa do João Leite. Na opinião deles, o cerne da questão é econômico, considerando que os parques passariam para a iniciativa privada e contariam com bilheteria. Eles destacaram que se trata de uma área sagrada e de desvirtuação do objetivo principal do lago, que é o abastecimento público.

Para o integrante da Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg), Washington Fraga, a discussão em si é um absurdo. “Reservatório é uma caixa d´água. Já viram alguém tomando banho na caixa d´água de casa? Não! É água portável para consumo humano. Não tem cabimento usar o reservatório para essa finalidade”, comparou.

A Semad argumenta que antes da criação da barragem do ribeirão João Leite, as comunidades faziam uso recreativo do espaço e perderam a opção de lazer.  A consulta pública online para discutir o Plano de Uso Público do Pejol e do PEAMP segue aberta até o dia 28 de abril.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp