Líder do PT reclama de partidos da base que assinaram a urgência para o projeto da anistia
Lindbergh Farias (RJ) disse que partidos precisam assumir um lado. A maioria dos apoios até agora vêm do União, PSD, MDB, PP e Republicanos, que possuem cargos no governo.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), cobrou nesta quinta-feira (10) deputados considerados “governistas” que assinaram o requerimento de urgência para o projeto que pretende anistiar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-SP), está coletando as assinaturas. Até o momento, 253 já assinaram o requerimento.
Os requerimentos de urgência, de autoria dos deputados, dispensam a tramitação de propostas pelas comissões permanentes, levando a discussão direto ao plenário.
MAIORIA DOS APOIOS É DE PARTIDOS DA BASE
Partidos que chefiam pastas na Esplanada, como União Brasil (37), PSD (23), MDB (21), Republicanos (25) e PP (34) têm contribuído para dar fôlego à discussão da anistia na Casa – os apoios destes partidos correspondem a mais da metade das assinaturas obtidas até agora.
“Acho, sinceramente, nessa Casa, que as pessoas têm que se definir quem é governo e quem não é governo. Tudo bem quem é a oposição estar assinando um projeto como esse, mas quem é governo assinar um projeto como esse, que é um projeto que coloca o país numa crise institucional, não é um projeto razoável”, afirmou.
O deputado disse que se reuniu com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), e que pretende procurar outros líderes da base para discutir o tema.
“Esse é um bom momento para perguntar quem quer ficar aqui do nosso lado, porque se a pessoa assina num projeto desse, com certeza não quer ficar aqui desse lado”, disse.
O parlamentar afirmou que “não é justo” que pessoas que participam do governo e ocupam funções assinem a urgência para a proposta.
“Mas eu queria passar esse recado aqui, enquanto líder do PT, que a gente acha importante que cada partido assuma sua responsabilidade e defina o papel que quer ter. Se querem ajudar o governo, ou se querem jogar o país numa violenta crise institucional”, afirmou Lindbergh.
MOTTA E BOLSONARO
Na quarta-feira (9), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) se reuniu com Jair Bolsonaro, principal defensor do projeto. O ex-presidente manifestou confiança de que, caso o requerimento de urgência para análise do tema atinja as assinaturas necessárias, Motta colocará o tema em discussão.
Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, comentou o tema em entrevista após confirmar que o Ministério das Comunicações continuaria com o União Brasil – o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) vai assumir o cargo deixado por Juscelino Filho (União-MA).
Ela disse confiar “na palavra de Motta, que disse que não vai pautar este projeto” e, como Lindbergh, afirmou que o projeto cria “uma crise constitucional”.
“Está faltando esclarecimento sobre isso. Falar sobre anistia ou mediação de pena em relação a algumas pessoas do 8 de janeiro eu acho que é defensável do ponto de vista de alguns parlamentares. Acho que a gente até pode fazer essa discussão no Congresso. Mas o que está ali é os responsáveis. Isso não pode acontecer jamais”, completou.