Líder religioso preso por usar a fé para abusar sexualmente de vítimas é condenado a 49 anos de prisão em Frutal
Weder Alves Garcia foi preso no dia 29 de agosto de 2024 e na época a Polícia Civil afirmou que o líder religioso era suspeito de pelo menos seis estupros. A decisão de primeira instância ainda cabe recurso.
O líder religioso Weder Alves Garcia, de 43 anos, foi condenado a 49 anos de prisão por usar a fé para abusar sexualmente de mulheres, adolescentes e crianças. Ele foi preso em 29 de agosto de 2024 em Frutal, no Triângulo Mineiro, e o julgamento de primeira instância ocorreu na segunda-feira (17).
Segundo o advogado de Weder, Ricardo Rezende Rocha, a defesa recorrerá da decisão. Leia a nota completa abaixo. “A defesa reitera sua confiança no devido processo legal e no sistema recursal, destacando que há vícios na sentença que serão objeto de questionamento nas instâncias superiores”, afirmou.
O Diário do Estado entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais para saber por quais crimes Weder foi condenado e aguarda retorno.
Weder foi preso pela Polícia Civil durante a operação “Voto de Silêncio”, coordenada pelo delegado Bruno Giovannini de Paulo. À época, ele era suspeito de pelo menos seis estupros, mas a suspeita era de que o número fosse maior.
No dia da prisão, o advogado disse que desconhecia as provas apresentadas pela polícia e que as acusações eram fruto de uma rivalidade por conta de pontos de cultos. “As provas são unilaterais e o que nós temos é a negativa do meu cliente. O fato é que há uma rivalidade de pontos de culto, estão tentando prejudicar o Weder”.
Além da prisão, outros três mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo localizados uma arma de fogo e documentos que, segundo a Polícia Civil, comprovavam o crime.
Conforme a investigação, o esquema do líder religioso funcionava por meio de um grupo sigiloso em que as pessoas pagavam para fazer parte e não deveriam, inclusive, falar sobre os rituais que ocorriam.
A Polícia Civil também informou que os estupros ocorriam durante rituais reservados em um local chamado de “quarto do sigilo”. No quarto, o líder religioso usava de imagens intimidadoras e forçava as mulheres a entrarem em um alçapão junto com ele. Em depoimento, as vítimas contaram que o líder incorporava algum tipo de espírito e exigia que elas tivessem relações sexuais com ele para que os pedidos de fé fossem realizados. A vítima mais nova identificada tinha 9 anos. A investigação identificou que as pessoas que quem ameaçasse sair do grupo era ameaçada com trabalhos espirituais e uma arma de fogo.
“A defesa reitera sua confiança no devido processo legal e no sistema recursal, destacando que há vícios na sentença que serão objeto de questionamento nas instâncias superiores. O direito à ampla defesa e ao contraditório são pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito, e medidas serão adotadas para sanar eventuais equívocos contidos na decisão. Por fim, reafirmamos nosso compromisso com a verdade, com a justiça e com a defesa intransigente dos direitos do Sr. W. A.G., confiando que as instâncias superiores revisarão a sentença à luz dos princípios constitucionais e processuais que regem o ordenamento jurídico brasileiro.”