Livro revela diversidade ecológica de fazenda histórica: fauna e flora do interior paulista

livro-revela-diversidade-ecologica-de-fazenda-historica3A-fauna-e-flora-do-interior-paulista

Diversidade ecológica de fazenda histórica é retratada em livro

Levantamento e registro fotográfico mostram riqueza de fauna e flora no interior
paulista.

“Apixonada por natureza! Fotógrafa de natureza, aves e borboletas e
cidadã-cientista. Sempre “plantando vidas”. É assim que Andreza Mancuso Schaden
define a si mesma.

A arquiteta de formação, descobriu o gosto pela fotografia quando morou nos
Estados Unidos onde comprou a primeira câmera. A paixão pela natureza também
surgiu nessa época quando teve a chance de visitar parques e unidades de
conservação na América do Norte.

Em 2014, de volta ao Brasil, ela fez cursos e com uma câmera semiprofissional
começou a fazer registros de eventos, festas e meio-ambiente. Um ano depois,
Andreza teve a foto de um socó-dorminhoco (Nycticorax nycticorax), selecionada
para participar do maior festival de fotografias da América Latina, o Brasília
Photo Show. O registro tinha sido feito no Parque Curupira em Ribeirão Preto
(SP).

Tempos depois, Andreza conheceu a gestora do Museu da Cana, localizado entre os
municípios de Sertãozinho e Pontal no interior paulista. O local guarda um rico
patrimônio cultural e conta com área preservada de mata. Andreza fez várias
visitas ao museu. Nessas oportunidades, registrava a avifauna, sem ter ainda
muita noção do que era ser observadora de aves.

“Esses registros fotográficos foram entregues, mas para que não fossem apenas
guardados, elaborei um material sócio-ambiental-educativo, composto por catálogo
digital, banner e folder com as aves, checklist , calendário e jogos educativos.
Esse projeto voluntário, chegou ao conhecimento do proprietário do museu, Luiz
Biagi, também dono da Fazenda Cravinhos, que se apaixonou por esta proposta”
explica a fotógrafa.

O proprietário apoiou e incentivou o “Projeto de Observação de Fauna e Flora”
para ser executado na Fazenda Cravinhos, situada no município de mesmo nome.

O trabalho de pesquisa e registros contou com apoio do observador de aves Júlio
Filipino, o ecólogo Aloysio Teixeira, a agroecóloga Tamires Parreira, o
especialista em borboletas Carlos Zikan, o técnico agropecuário Jonathas
Galdino, o especialista em abelhas Paulo Vitor, o biólogo Gabriel Garcia , o
historiador e professor José Antonio Lages, além da fotógrafa Andreza Schaden.

A Fazenda Cravinhos, foi fundada no início do século 19. Passou por diversos
proprietários e ciclos como o do café, da pecuária, da cana-de-açúcar e mais
recentemente da produção de uva e vinho.

“Para a realização do projeto, foram feitas doze visitas mensais, para que se
pudesse observar todas as aves, borboletas e animais em geral, migratórios ou
não, em todas as estações do ano. Os dados foram registrados no eBird e
Wikiaves, plataformas que auxiliam no registro e conservação das espécies,
marcam o percurso feito e quantidade de aves avistadas ou ouvidas. Dessa forma,
nossa missão, como cidadãos-cientistas foi concluída com sucesso”, explica
Andreza.

A equipe participava das visitas e fazia posteriormente, a identificação das
espécies. O material foi compilado e até aquele momento, a ideia era a de se
fazer um catálogo digital e impresso. Mas para a surpresa da equipe o catálogo
foi transformado no livro “Um olhar sobre a Fazenda Cravinhos”, obra com muita
informação, fotos e textos.

RESTAURO ECOLÓGICO

O restauro ecológico realizado na Fazenda Cravinhos com base no Novo Código
Florestal a partir de 2021 foi fundamental para a fauna e flora da região. Foram
levantadas as áreas de APP (Área de Preservação Permanente), áreas degradadas
por pastagens ou plantações e áreas livres que poderiam ser utilizadas para
formação de matas, aumentando a cobertura verde da propriedade.

Nas ações de restauração ecológica foram plantadas aproximadamente 10 mil mudas
de espécies em quase sete hectares. Ingá, mutambo, babosa-branca, canafístula e
pau-cigarra foram plantados em regiões de gramíneas. Já pitangueiras, jatobás,
jequitibás e cabreúvas foram plantadas em áreas sombreadas. Nas de solo úmido,
as mudas escolhidas foram as de sangra-d´água, pau-viola, palmito-jussara,
pinha-do-brejo e jenipapo.

No total, o projeto conseguiu registrar 174 espécies de animais nos limites da
fazenda. A maioria avistada ou ouvida em trilhas. Em muitos casos, o birdwatcher
Julio Filipino identificava as aves pelo som.

“A sanã-parda (Laterallus melanophaius) e o inhambú-chororó (Crypturellus
parvirostris) talvez tenham sido os mais custosos, que demandaram mais tempo
para a sua visualização. Mas, para mim, o Soldadinho (Antilophia galeata) foi o
registro mais emocionante. Não imaginava que ele estaria ali, só o tinha visto
nasreportagens do Programa Terra da Gente. E quando Júlio Filipino o chamou por
playback e a ave apareceu, bem pertinho, foi um momento de muita emoção”,
comenta a fotógrafa.

As visitas à fazenda não pararam. Em 2025 a equipe conseguiu avistar uma ave até
então difícil de ser registrada nessa região: o gavião-pedrês (Buteo nitidus).
Mas nem tudo foi só contemplação da natureza. A equipe passou alguns
“perrengues” durante o trabalho, como ataques de abelhas arapuã. Numa das
corujadas, um homem apareceu do meio do mato. Ele morava na fazenda e estava
passando pelo local. A equipe levou um susto e tanto….

“Este livro, é um legado para as futuras gerações, material para uso científico
e ambiental, pesquisas e educação ambiental”, conclui Andreza Mancuso Schaden.
Para visitar a Fazenda Cravinhos e obter mais informações sobre o livro o
contato do Whatsapp é (16) 99389-2802.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp