Lixo acumulado na usina de Fernando de Noronha gera polêmica entre empresas: mais de 5 mil toneladas causam preocupação

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Mais de 5 mil toneladas de lixo se acumulam na usina de Fernando de Noronha;
empresas trocam acusações

Engenheiro químico e especialista em resíduos sólidos, Edjar Rocha, classificou
a situação como ‘um absurdo’ e defendeu a remoção urgente do material.

Fernando de Noronha tem lixo acumulado na usina da ilha
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Fernando de Noronha tem lixo acumulado na usina da ilha

A usina de tratamento de lixo de Fernando de Noronha
[https://g1.globo.com/pe/pernambuco/cidade/fernando-de-noronha/] acumula cerca
de 5,5 mil toneladas de resíduos (veja vídeo acima). A informação foi divulgada
pela Administração da Ilha. O engenheiro químico e especialista em resíduos
sólidos, Edjar Rocha, avaliou a situação. “É um absurdo. É necessária a remoção
urgente”.

A equipe do DE [https://g1.globo.com/pe/pernambuco/] não foi autorizada a entrar
no local. Segundo a Administração de Noronha, o problema de acúmulo se agravou
após a troca da empresa responsável pela limpeza urbana, que ocorreu em
setembro.

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Durante mais de 20 anos, o serviço foi executado pela empresa Universo, que
perdeu a licitação para a Ambipar. A nova contratada e a Administração Fernando
de Noronha divulgaram uma nota conjunta sobre a situação.

“A Ambipar completou 30 dias de operação na ilha em 25 de setembro. Já no início
da gestão, a área destinada aos resíduos apresentava cerca de 4 mil m³ de
materiais acumulados — aproximadamente 6 mil toneladas —, volume existente antes
da entrada da companhia”, informou o comunicado.

A nota indicou que a nova empresa retirou em navios de carga mais de 500
toneladas de resíduos da ilha, material enviado ao continente para destinação
ambiental adequada. Mesmo assim, a usina ainda acumula cerca de 5.550 toneladas,
o equivalente a 550 caminhões-caçamba. A nota não informou qual a previsão de
remoção do material acumulado.

AMBIPAR E GOVERNO ATRIBUEM PROBLEMA À GESTÃO ANTERIOR

A nota conjunta da Ambipar e da Administração de Noronha responsabilizou a
antiga prestadora pelo acúmulo.

“O passivo corresponde ao lixo acumulado ao longo de meses da gestão anterior,
sem a devida destinação”, informou.

Segundo o comunicado, o lixo ficou armazenado por meses sem retirada regular e
sem separação adequada. “Houve mistura de poda, areia e rejeitos sem
classificação”, informou a nota.

ESTRUTURA E EQUIPE

A Ambipar informou que conta com 62 funcionários mobilizados na ilha, mas o
contrato prevê até 120 profissionais.

Atualmente, o alojamento disponível comporta até 65 pessoas. O espaço está sendo
reformado para oferecer melhores condições de hospedagem à equipe.

As funções incluem coleta e varrição urbana, limpeza de praias, separação e
prensagem de resíduos, transporte e apoio administrativo.

O QUE DIZ A UNIVERSO

A empresa Universo, antiga responsável pela limpeza urbana, rebateu as acusações
da Ambipar e da Administração da Ilha.

Em nota, o consórcio afirmou que a nova contratada tenta “transferir sua própria
responsabilidade” e classificou as declarações como “covardes e infundadas”.

Segundo a Universo, não houve registro de acúmulo de lixo no mês anterior à
troca de gestão.

“Apenas 30 dias após o início da operação da Ambipar, já há inúmeras reclamações
e imagens que mostram o descaso com a limpeza”, disse a empresa.

O consórcio alegou, ainda, que a Ambipar está operando com menos funcionários do
que o previsto em contrato e que “não se preparou adequadamente para assumir a
operação”.

RISCOS AMBIENTAIS E SANITÁRIOS

O engenheiro Edjar Rocha, que ajudou a implantar a usina de tratamento de lixo
em 1991 e tem 42 anos de experiência no assunto, alertou para os riscos do
acúmulo.

Segundo o especialista, o material exposto ao ar livre e armazenado em grandes
sacos (“big bags”), pode gerar poluição.

“Os resíduos orgânicos em decomposição produzem gases com enxofre e amônia, além
de chorume, que pode infiltrar no solo e atingir o mar, especialmente em dias de
chuva”, explicou.

A usina fica no caminho da Praia da Cacimba do Padre. “Isso é prejudicial à
saúde da população e ao meio ambiente”, afirmou Rocha.

O especialista defendeu que os resíduos inservíveis e recicláveis sejam enviados
com regularidade ao continente. “O acúmulo pode atrair aves, ratos e insetos,
trazendo riscos inclusive pela proximidade do aeroporto”, completou.

LEIA TAMBÉM:

Moradores de Fernando de Noronha denunciam lixo acumulado nas ruas e criticam
novo serviço de limpeza
[https://g1.globo.com/pe/pernambuco/blog/viver-noronha/post/2025/09/29/moradores-de-fernando-de-noronha-denunciam-lixo-acumulado-nas-ruas-e-criticam-novo-servico-de-limpeza.ghtml]

O QUE DIZEM OS REPRESENTANTES DA COMUNIDADE

O presidente da Assembleia Popular Noronhense (APN), Nino Alexandre Lehnemann,
disse que a Ambipar não se preparou para assumir o serviço.

“Eles subestimaram a complexidade e a logística da ilha. É preciso ter barcos,
equipamentos e alojamento para os funcionários. Não houve uma transição
estruturada”, avaliou.

Lehnemann também cobrou mais colaboração da comunidade. “As pessoas estão
descartando lixo de forma incorreta — desde entulho e podas de árvores até
colchões e equipamentos”, afirmou.

O presidente do Conselho de Turismo, Ailton Flor, que também dirige a Associação
dos Donos de Pousadas, reconheceu falhas na limpeza urbana, mas defendeu
compreensão.

“Quando há acúmulo, solicitamos o recolhimento e a empresa atende de imediato.
Eles estão em fase de adaptação”, declarou.

O DE [https://g1.globo.com/pe/pernambuco/] entrou em contato com o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio
[https://g1.globo.com/tudo-sobre/icmbio/]) para saber a análise da situação de
previsão de providências, mas até a última atualização desta reportagem não
obteve resposta.

O DE [https://g1.globo.com/pe/pernambuco/] também procurou a Agência Estadual de
Meio Ambiente (CPRH) para comentar o problema. Segundo a assessoria, a resposta
do órgão é a mesma da Administração da Ilha, que se pronunciou em conjunto com a
Ambipar.

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