Há duas semanas, o vereador Joãozinho Guimarães, do Solidariedade, começou uma campanha para conscientizar os moradores da Região Leste de Goiânia sobre o descarte correto do lixo e do entulho. “Tem gente que não sabe nem a diferença entre lixo e entulho. Tem gente que coloca o lixo de qualquer forma em canteiros centrais das avenidas, na porta de escolas, postos de saúde, no meio da rua. Não pode ser assim”, diz ao Diário do Estado.
Em um vídeo feito para as redes sociais na Avenida Aristóteles, a principal do Jardim Mariliza, o vereador está ao lado do lixo doméstico que moradores costumam acumular no canteiro central. “Não podem fazer esse tipo de coisa. O caminhão da coleta passa toda terça-feira, quinta-feira e aos sábados. Não tem de deixar lixo no meio da rua, na calçada ou na lixeira fora destes dias”. Segundo ele, a campanha tem a intenção de deixar a cidade mais limpa, começando pela região leste da cidade.
Ele lembra que em Paraíso do Tocantins não se vê entulho nas ruas. “A pessoa é multada na hora. Aqui a Amma (Agência Municipal do Meio Ambiente) que multa os casos denunciados, mas não tem estrutura para fazer a fiscalização. Não quero que multem ninguém, por isso estou fazendo essa campanha”.
Joãozinho Guimarães fala da falta de consciência ambiental da população. Ele explica que tem falado com as pessoas – ele costuma andar pelas ruas de bicicleta conversando com moradores, principalmente do Parque Atheneu, Mariliza e Ville de France, na sua rotina sobre duas rodas. Nos demais setores que vão até a BR-153 costuma ir de carro atender as demandas. Segundo ele, a bronca que dá nos moradores é bem recebida pela maioria. “No caso dos entulhos, explico que entre os dias 21 e 30 de todo mês, a prefeitura recolhe os entulhos na região, então não precisam jogar nada em terreno baldio ou na porta de escolas ou de qualquer outro imóvel.
Lixo orgânico
Foi aprovada em última votação e aguarda sanção do prefeito Rogério Cruz, o projeto de lei nº 223/2019, de autoria do ex-vereador Divino Rodrigues, que determina que o lixo orgânico da capital deve ser reciclado por meio da compostagem, ficando proibido o depósito desse tipo de resíduo no aterro sanitário ou sua incineração.
Com isso, caso a lei seja sancionada, o poder público vai destinar para áreas de sua propriedade em todas as regiões o lixo orgânico a ser compostado: resíduos de poda, varrição e jardinagem; restos de alimentos dos grandes geradores de resíduos alimentares e resíduos domiciliares, de acordo com o Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos, de forma gradativa até atingir a totalidade dos bairros da capital.
De acordo com a justificativa do projeto, “sob o ponto de vista de sua resultante, a compostagem pode ser considerada uma forma de reciclar o lixo orgânico através de um processo natural que transforma resíduos orgânicos em material fértil e rico em nutrientes que pode ser utilizado em hortas urbanas e rurais, coletivas ou individuais para a produção de alimentos orgânicos.
Compostagem
Virando lei, a proposta define que a prefeitura poderá destinar áreas para realizar a compostagem dos resíduos orgânicos coletados e incentivar a compostagem doméstica. As iniciativas comunitárias, coletivas ou de cooperativas de catadores deverão ser estimuladas e priorizadas na implementação dos projetos.
“A partir do entendimento da compostagem também como uma forma de reciclagem, conclui-se que a prestação deste tipo de serviço por cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis é mais uma forma de atuação possível destas entidades”, explica o autor do projeto, o ex-vereador Divino Rodrigues, em matéria veiculada em maio pelo site da Câmara Municipal de Goiânia.
De acordo com o projeto, a prefeitura e as empresas privadas que fazem coleta de lixo terão o prazo de um ano após a publicação da lei para se adequar à pratica da compostagem. Não há no projeto de lei, um estudo de quanto a implementação do serviço de compostagem vai diminuir o volume de lixo orgânico recolhido mensalmente ao aterro sanitário da capital.
Conscientizar a população e aproveitar resíduos para a compostagem são ações que ajudam a reduzir o lixo gerado nas grandes cidades. Vale lembrar que a Comurg recolhe 35 mil toneladas de resíduos orgânicos no aterro sanitário mensalmente. No atual modelo de gestão do lixo da capital, o aterro tem capacidade para mais 2 anos no atual maciço e de mais 15 anos na área de expansão.
* Rosana Melo, especial para o Diário do Estado