Lúcia Vânia lamenta, no Senado, assassinato de mulher em Goiânia

Senadora destacou avanços no combate à violência doméstica, mas afirmou que ainda é pouco para evitar o feminicídio

A senadora Lúcia Vânia (PSB) usou a tribuna do Senado para se solidarizar com a família de Denise Ferreira, morta a tiros em casa na madrugada de segunda-feira, (40) em Goiânia. Denise, de 34 anos, tinha um filho de 6 anos e o suspeito é o próprio marido.

“Denise passou a fazer parte de uma estatística trágica do Brasil, onde a cada 2 minutos uma mulher é morta por arma de fogo, segundo o Relógio da Violência, do Instituto Maria da Penha”, ressaltou a senadora. Ela destacou também que o Brasil ocupa a 7º posição num ranking de 84 países, no registro de assassinatos de mulheres, de acordo com o Mapa da Violência 2015.

“Denise foi morta dentro de um condomínio fechado em Goiânia e cito esse dado para reafirmar que a violência contra a mulher acontece a cada momento, em todas as classes sociais, em todos os lugares e com pessoas que, muitas vezes, estão próximas a nós”, disse Lúcia Vânia.

A senadora destacou a luta das mulheres combater a violência doméstica. Nos anos 70, foram criadas as Delegacias Especializadas no Atendimento às Mulheres; em 2006, vieram a Lei Maria da Penha e os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e, em 2015, a lei tornou o feminicídio circunstância qualificadora do crime de homicídio.

“Tive a honra de ser a relatora da Lei Maria da Penha e acredito que ela tenha mudado o destino de milhares de mulheres, ao criar punições ao agressor e estabelecer medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência”, ressaltou a parlamentar goiana. “Apesar de os índices ainda serem alarmantes. ”

Segundo Lúcia Vânia, a legislação vem sendo aprimorada e passou a abranger, além da mulher, todas pessoas em situação de vulnerabilidade dentro do ambiente doméstico.  O descumprimento das medidas protetivas, que não configurava o crime de desobediência previsto no Código Penal, a partir de abril deste ano, passou a ser crime passível de detenção de três meses a dois anos.

A parlamentar informou ainda que há outras mudanças tramitando no Congresso, como a que determina prazo de cinco dias para que hospitais e profissionais de saúde informem à delegacia mais próxima casos de violência contra a mulher.

Todavia, destacou que a trágica morte de Denise mostra que a Lei por si só não vai impedir o assassinato de mulheres dentro de seus próprios lares. Vítimas se seus próprios companheiros. Ela citou o último levantamento do Ipea, de 2015, que apontou a redução de cerca de 10% na taxa de homicídios contra as mulheres dentro das residências.

“Precisamos combater no Brasil a cultura machista, que permitiu no passado que a morte de mulheres fosse justificada como ‘legítima defesa da honra’. Avançamos ao criminalizarmos a violência e no atendimento da mulher vítima de agressão, mas caminhamos pouco para evitar os assassinatos de mulheres”, concluiu, conclamando toda a sociedade para abraçar essa causa.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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