Luciana Curtis: modelo internacional sequestrada com família em DE

Quem é Luciana Curtis, modelo internacional que foi sequestrada com marido e filha em DE

Luciana, marido e filha de 11 anos foram abordados na noite da quarta-feira (27) na Zona Oeste da capital paulista e ficaram 12 horas reféns. Luciana tem contrato com a agência Ford Models e a Way Model; já foi o rosto da Revlon e desfilou para grifes como Victoria’s Secret e Arden B.

1 de 4 Luciana Curtis é uma das modelos brasileiras com carreira duradoura no exterior — Foto: Reprodução/Instagram

Luciana Curtis é uma das modelos brasileiras com carreira duradoura no exterior — Foto: Reprodução/Instagram

A modelo Luciana Curtis foi sequestrada com o marido e a filha após jantarem num restaurante na Zona Oeste de São Paulo na noite desta quarta-feira (28). A família foi abordada no Alto da Lapa e ficou 12 horas rendida pelos criminosos, que fizeram transferências bancárias e roubaram o carro.

A investigação analisa câmeras de segurança do restaurante para tentar identificar a quadrilha. O caso é investigado pela Divisão Antissequestro da Polícia Civil (veja sobre o crime mais abaixo).

Filha de um inglês com uma brasileira, Luciana é considerada uma das supermodelos em atuação com carreira mais duradoura no exterior. Aos 53 anos, é uma das profissionais com contrato mais longo com a agência Ford Models, uma das maiores do mundo, e a agência Way Model, no Brasil.

A paulistana foi descoberta numa matinê em São Paulo por um olheiro da agência Ford quando tinha apenas 14 anos, nos anos 90. Luciana sempre afirmou à imprensa que nunca sonhou ser modelo.

“Minha mãe é professora de história, meu pai era corretor de seguros, nunca imaginei trabalhar com moda. Foi assim, e eu me encontrei”, disse à revista Marie Clarie, em entrevista publicada em setembro deste ano.

Em 1993, ela ficou em primeiro lugar na final brasileira do Supermodel of the World. Na final mundial, ela ficou entre as quatro primeiras colocadas.

Modelo e família ficaram 12 horas em cativeiro em SP

Modelo e família ficaram 12 horas em cativeiro em SP

Mas foi em 2001 que houve um dos marcos de sua trajetória no mundo da moda. Ela ficou conhecida por se tornar o rosto oficial da Revlon. Rumores apontam que ela ganhou US$ 1 milhão para fazer a campanha.

“Não gosto de falar sobre valores, mas o cachê foi excelente e mudou a minha vida. Comprei, inclusive, um apartamento em Manhattan”, disse ao jornal O Globo em entrevista publicada em 2019.

Em janeiro deste ano, durante entrevista ao portal UOL, Luciana informou que voltou ao Brasil na pandemia após décadas vivendo em Nova York. Contudo, com a carreira internacional firme, continuava viajando com frequência para os EUA a trabalho.

SEQUESTRO

2 de 4 Imagens do cativeiro em que família permaneceu refém por 12 horas em SP — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Imagens do cativeiro em que família permaneceu refém por 12 horas em SP — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Luciana, seu marido, o fotógrafo Henrique Gendre, e a filha caçula do casal foram abordados na Avenida Pio XI, no Alto da Lapa, por homens armados. Eles foram colocados dentro do carro da família e levados a um cativeiro na Brasilândia, Zona Norte.

Durante o sequestro, os criminosos pegaram dinheiro do casal e transferiram para contas de integrantes do grupo, segundo policiais.

Conforme o DE apurou, a filha mais velha da modelo e do fotógrafo, uma adolescente, notou na manhã desta quinta que a mãe, o pai e a irmã mais nova não estavam em casa e entrou em contato com um tio. Ele procurou a polícia, que acionou a Divisão Antissequestro (DAS) da Polícia Civil.

Luciana, o marido e a filha de 11 anos acabaram soltos pela quadrilha na manhã desta quinta (28). Eles pediram ajuda para funcionários públicos que estavam num caminhão e que os levaram para uma delegacia da região (veja imagens acima e abaixo).

Em nota, a assessoria da modelo confirmou o sequestro e informou que “a família foi libertada e encontra-se bem”.

DAS INVESTIGA O CASO

O caso está sendo investigado pela Divisão Antissequestro (DAS) da Polícia Civil. Policiais da Divisão Antissequestro foram até o distrito policial, onde conversaram com as vítimas. Depois localizaram o local do cativeiro, onde não encontraram mais ninguém.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que “a Divisão Antissequestro do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) está empenhada na identificação e prisão dos envolvidos no sequestro de uma família ocorrido na noite de quarta-feira (27), na Rua Pio XI, na zona oeste de São Paulo. Os criminosos, armados, abordaram as vítimas na saída de um restaurante e as levaram para um cativeiro. Durante as buscas das equipes da delegacia especializada, o bando abandonou a família no local e fugiu nesta quinta-feira (29). A ocorrência foi registrada na 3ª Delegacia de Repressão à Extorsão com Restrição de Liberdade da Vítima, que investiga os fatos. Outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia dos trabalhos policiais”.

3 de 4 A modelo Luciana Curtis e o marido, o fotógrafo Henrique Gendre, que foram sequestrados em SP — Foto: Reprodução/redes sociais

A modelo Luciana Curtis e o marido, o fotógrafo Henrique Gendre, que foram sequestrados em DE — Foto: Reprodução/redes sociais

4 de 4 Luciana Curtis foi descoberta nos anos 90 por olheiro da agência Ford em DE — Foto: Reprodução/Instagram

Luciana Curtis foi descoberta nos anos 90 por olheiro da agência Ford em DE — Foto: Reprodução/Instagram

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Macuquinho: Ave rara usa cavidade de árvore para amplificar canto

Ave usa ‘caixa de som’ natural para amplificar canto

Macuquinho foi flagrado em cavidade de árvore para emitir som mais alto. Registro raro foi feito em Florianópolis (SC).

Quem aí gosta das famosas “caixinhas de som”? Com o recurso do bluetooth, facilmente elas garantem a trilha sonora de qualquer festa ou até da faxina em casa. Agora, sabia que, na natureza, tem passarinho que deu um jeito de amplificar o som do próprio canto?

O registro foi feito pelo observador de aves Jonathan Idalencio Imperator, em Florianópolis, Santa Catarina. Só que, ao contrário de muitos registros, este foi planejado por algum tempo. Jonathan conta que sempre ouvia o macuquinho (Eleoscytalopus indigoticus) quando ia passarinhar numa mata, perto da casa dele. E, durante um dos encontros com a espécie, em 2022, notou este comportamento.

“Consegui fazer uma imagem escura, mas pude compartilhá-la para tentar entender o que era”. Foi aí que o observador descobriu que se tratava de um registro raro e que o macuquinho procura amplificar o canto. Diante da raridade, as tentativas para um vídeo melhor se seguiram. Mas o macuquinho não facilitou a vida de Jonathan, que por muitas vezes tentou fazer o registro ao ouvir a vocalização. “Desta última vez, estava passando na trilha quando ouvi, fui chegando mais perto. Vi novamente o comportamento dele entrar e sair da cavidade. Montei a câmera diante da árvore e fiquei cerca de uma hora aguardando”, conta o observador.

A espera valeu a pena. Em um vídeo de pouco mais 40 segundos o macuquinho demostra toda a habilidade em ser um “DJ da natureza”. Um som contínuo é emitido e silencia a mata. “Eu tive uma palpitação na hora, foi muita emoção, fiquei muito feliz com o flagrante e poder assim contribuir para que mais gente conheça esse comportamento da espécie. Eu estava decidido e deu certo”, compartilha Jonathan.

Segundo o ornitólogo do Terra da Gente, Luciano Lima, embora seja um comportamento conhecido e descrito na literatura, observar e, principalmente, registrar a espécie executando esse comportamento é algo raro. “O macuquinho não vocaliza apenas a partir do interior de cavidades. Um estudo publicado em 2012, identificou que a espécie exibe esse comportamento apenas eventualmente, especialmente quando emite o tipo de vocalização mostrado no vídeo, que é um trinado grave e contínuo”, explica o especialista. “Além dessa vocalização, o macuquinho também emite uma sequência de notas rasgadas que crescem em velocidade, lembrando um trem e por isso, não por acaso, foi apelidado pelos observadores de aves de “canto do trenzinho”. No entanto, essa outra voz ainda não foi registrada sendo emitida a partir de cavidades”, finaliza Luciano, que completa que esse estudo também confirmou que a espécie canta nas cavidades com o objetivo de amplificar o som.

Segundo as apurações de Jonathan nos grupos de observadores, o comportamento flagrado é pouco estudado e não há conclusões sobre o motivo para o macuquinho amplificar o som do canto. “Falaram de ele querer intimidar outro indivíduo, defender território, mas nada é comprovado. Mas é fato que é algo muito difícil de gravar. Sem dúvida meu registro mais especial”, afirma.

O macuquinho é ave pequena (11 cm), discreta e habita áreas de vegetação mais densa, próximo ao solo. É chamado também de macuquinho-perereca, por conta de sua vocalização lembrar o som de anfíbios. Endêmico da Mata Atlântica do Sul e do Sudeste do Brasil está quase ameaçado de extinção, pela falta de habitat. Macho e fêmea se diferem na cor, sendo o macho mais escuro, com um detalhe esbranquiçado na garganta e com parte do corpo azul.

Jonathan Idalencio Imperator, autor do registro do macuquinho, começou a observar aves durante a pandemia, em 2020. O jovem de 33 anos conta que costumava fotografar o pessoal do surf, nas praias de Florianópolis, mas que, motivado por um outro amigo observador, passou a usar o equipamento para ir para a mata nos dias de isolamento. “Aí fui melhorando meu equipamento, estudava as espécies que poderiam ter perto da minha casa, gravava as vocalizações que desconhecia para estudar. Comprei livros e passei a mergulhar neste universo”, relembra o observador. Hoje Jonathan possui registros de cerca de 300 espécies. Entre os destaques, um visitante do comedouro da casa dele chama a atenção: uma fêmea do canário-andino-negro. “No Brasil havia apenas três registros da espécie, o meu foi o quarto e o primeiro para Florianópolis. Ele ficou cerca de uma semana aparecendo. Um monte de gente veio aqui em casa fazer o registro dele”, conta. Atualmente é Jonathan quem inspira as pessoas a observar as aves. “Pessoal manda mensagem perguntando que passarinho é aquele, ou falam que viram alguma espécie, é muito legal”, finaliza.

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