Lula: ‘Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus’

Presidente da República de 2003 a 2010, Luiz Inácio Lula da Silva argumentou que um fator positivo da pandemia do novo coronavírus foi a valorização da necessidade da máquina pública no Brasil. A declaração foi dada nessa terça-feira, em entrevista à Carta Capital.

“Quando eu vejo alguns discursos dessas pessoas, falando, quando eu vejo, sabe, essas pessoas acharem bonito que tem que vender tudo que é público, que o público não presta nada… Ainda bem que a natureza, que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”, disse o ex-presidente, filiado ao PT.

Segundo Lula, a crise causada pela COVID-19 é de responsabilidade dos serviços públicos. “Essa crise do coronavírus, somente o Estado é que pode resolver isso”, afirmou. O petista voltou aos debates políticos após ser solto em novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância, que é o caso. O ex-presidente ficou preso por um ano e sete meses e cumpriu pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do caso do triplex no Guarujá

No Brasil, 17.971 pessoas já morreram de coronavírus. No total, 271.628 pessoas foram infectadas no país. Os dados, divulgados nessa terça, são do Ministério da Saúde. De acordo com a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, o Brasil é o terceiro no ranking mundial de casos confirmados. Já em relação aos óbitos, o país é o sexto.

Mesmo diante disso, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), defende o fim do chamado isolamento social horizontal. O governante acredita que um isolamento vertical, quando somente pessoas do grupo de risco são isoladas, seja o caminho ideal para que as atividades comerciais e rotineiras sejam retomadas.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp