Lula indica Flávio Dino para o STF e Paulo Gonet para o Ministério Público Federal

Após dois meses de indefinição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfim anunciou, nesta segunda-feira, 27, a indicação do atual ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para o Supremo Tribunal Federal (STF), ocupando a vaga deixada por Rosa Weber, que se aposentou em setembro. Além disso, o vice procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, foi indicado para chefiar o Ministério Público Federal, sucedendo Augusto Aras.

 

As nomeações de Dino e Gonet foram feitas antes da viagem de Lula para a Arábia Saudita, onde está prevista uma reunião bilateral com o príncipe Mohammad bin Salman. O presidente também participará da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 28) nos Emirados Árabes Unidos, além de visitar a Alemanha.

Nos dois casos, as demoras nas escolhas foram recorde: no caso do STF, foi o tempo mais longo levado por Lula, na comparação com seus outros dois mandatos; sobre a PGR, foi a escolha mais demorada entre todos os presidentes. Os dois têm o apoio de ministros da Corte, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

Entretanto, os nomes passarão agora pela avaliação do Senado Federal, com sabatinas na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A aprovação no colegiado os levará à análise do plenário, dependendo de maioria simples em votações secretas para assumirem as novas posições.

Tensão

O anúncio ocorre em um contexto tenso entre os Poderes, com o Senado apoiando uma proposta de emenda constitucional (PEC 08/2021) que busca limitar as decisões dos ministros do Supremo, sugerindo mudanças na dinâmica do STF.

Ao contrário da escolha de Cristiano Zanin, que enfrentou pouca reação da oposição ao seu nome, a expectativa é que senadores próximos do bolsonarismo se manifestem duramente contra a decisão de Lula. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, já disse que a oposição vai “infernizar” Dino caso a indicação ao STF se confirme.

Além disso, a indicação de Dino ocorre em meio à pressão ao presidente Lula pela indicação de uma mulher para a vaga, principalmente após as seguidas demissões de mulheres dos cargos de primeiro escalão. O presidente, no entanto, afirmou que o critério não seria esse.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp