Lula presidente: a maior figura política da história do Brasil?

Lula presidente do Brasil

Neste domingo, 30, Lula (PT) foi eleito presidente do Brasil com 50,9% dos votos, derrotando Jair Bolsonaro (PL). Desde a redemocratização, ninguém havia conseguido acumular mais de dois mandatos; Lula cumprirá o seu terceiro de maneira inédita. Isso o configura como a maior figura política da história do País?

A história de Lula na política brasileira

A trajetória política de Lula no Brasil é longeva. O ex-sindicalista e ex-metalúrgico disputou as Eleições de 1989 e chegou a concorrer à presidência no segundo turno diante de Fernando Collor. Entretanto, perdeu por 46,97% a 53,03% nos votos válidos. Nas Eleições de 1994, Lula novamente se colocou como candidato. Naquele ano, assim como em 1998, o petista perdeu para FHC.

Enfim, em 2002, Lula desbancou José Serra no segundo turno e chegou à presidência. Em 2006, enfrentou Geraldo Alckmin, hoje seu vice, e voltou a derrotar o PSDB. Depois da reeleição, o petista deixou a disputa em 2010. Porém, sua sucessora Dilma Rousseff foi eleita por dois mandatos, antes de sofrer um impeachment em 2016.

“De fato, a história de Lula se confunde com a própria história da política brasileira desde a sua redemocratização. Desde a fundação do Partido dos Trabalhadores ao primeiro pleito que ele disputou, em 1989, entre todas as outras coisas até ser preso em 2018 e impedido de disputar a presidência, ele sempre foi um articulador muito poderoso”, opina o professor de marketing político Marcos Marinho.

No entanto, o profissional salienta que a vitória de Lula não quer dizer que há uma predileção simples ao novo presidente eleito e também ao Partido dos Trabalhadores, mas sim uma rejeição a Bolsonaro. Desta forma, isso não necessariamente quer dizer que Lula voltou a ser “o cara” para a maior parte da população.

O doutor em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Araújo Pietrafesa, acredita que a vitória de Lula é importante pela dificuldade de se questionar o pleito. “Como houve problema na contagem para presidente e não para governadores, senadores, deputados federais, distritais e estaduais? Por que exclusivamente para presidente?”, questiona.

O porquê da popularidade do presidente eleito

Poder grande de mobilizar as massas, populismo atrelado a pautas sociais, dinâmica de comunicação que o aproxima das multidões e articulação capaz de organizar o cenário político e atrair aliados. De acordo com Marcos Marinho, a metodologia de Lula também reverbera positivamente no cenário internacional. “É um dos grandes nomes da política brasileira, gostando dele ou não”, acrescenta.

Pedro Araújo crê que Lula é um dos políticos mais influentes da história recente do Brasil, se não o maior. “Não podemos desconsiderar a força que ele possui. Mesmo com todos os processos judiciais e a anulação dos mesmos, qual outro político teria condições de concorrer à presidência da República e ficar na frente do atual presidente, com toda a máquina política em mãos?”, diz.

Além disso, o terceiro mandato do petista demonstra a rejeição a Bolsonaro que cresceu nos últimos quatro anos. O antibolsonarismo, inclusive, é um dos maiores motivos que levaram à queda do presidente em exercício.

“É de um significado muito forte, por toda a história que Lula passou. Como ele bem mencionou, não fará um governo de revanche contra aqueles que o condenaram na Lava Jato. Estamos em um momento bastante complexo no Brasil, com problemas de violência política e desrespeito às instituições democráticas. Lula deve ficar mais preocupado em resolver esses problemas”, comenta Pedro Araújo.

Apesar da animosidade destas Eleições, Marcos Marinho acha pouco provável que aconteça um golpe, pois, segundo ele, Bolsonaro não tem condições para isso. Contudo, o professor enxerga a possibilidade de uma escala de violência no Brasil. Portanto, as forças de segurança precisarão dar o tom de apaziguamento daqui para frente.

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Gabinete de transição ganha reforço com Simone Tebet e Kátia Abreu 

Duas semanas após as eleições, o grupo de trabalho responsável pela transição do governo para a posse Lula ganhará reforços. Na lista de integrantes do gabinete que devem ser nomeados estão a ex-presidenciável Simone Tebet, a filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, e a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Os nomes foram anunciados pelo vice-presidente eleito e coordenador do trabalho, Geraldo Alckmin,  nesta segunda-feira. Ao todo são 31 grupos técnicos.

Gil e Tebet fazem parte do tópico Desenvolvimento Social e Combate a Fome, enquanto Abreu de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As áreas ainda sem nomes definidos são Infraestrutura, Minas e Energia, Previdência Social, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Agrário, Pesca e Turismo. (Veja abaixo todos os nomeados no gabinete de transição).

Na semana passada, a goiana Iêda Leal  foi incluída no grupo para cuidar do eixo e Igualdade Racial com outras seis pessoas, incluindo a ex-ministra da área na gestão de Dilma Rousseff, Nilma Gomes. As outras formações para discussão e planejamento são  Comunicação, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Planejamento, Orçamento e Gestão, Indústria, Comércio, Serviços e Pequenas Empresas e Mulheres. 

Há 20 anos, uma lei federal garante acesso de uma equipe formada por 50  pessoas e de um coordenador a informações e dados de instituições públicas. A medida visa colaborar no planejamento de ações a partir da posse do presidente eleito. O trabalho está autorizado a  começar no segundo dia útil do anúncio do vencedor da eleição e deve ser finalizada até o décimo dia após a posse presidencial.

Confira a lista completa dos integrantes do gabinete de transição:

Economia

-Persio Arida, banqueiro, foi presidente do BNDES e do BC

-Guilherme Mello, economista, colaborou com o programa de Lula

-Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma (PT)

-André Lara Resende, economista e um dos pais do Plano Real

Planejamento, Orçamento e Gestão

-Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento 

-Esther Dweck, professora da UFRJ

-Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal de -Economia

-Enio Verri, deputado federal (PT-PR)

Comunicações

-Paulo Bernardo, ministro das Comunicações de Dilma

-Jorge Bittar, ex-deputado (PT)

-Cézar Alvarez, ex-secretário no Ministério das Comunicações

-Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos

Indústria, Comércio e Serviços

-Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES sob Lula e sob Dilma (2007-2016)

-Germano Rigotto, ex-governador do RS (MDB)

-Jackson Schneider, executivo da Embraer e ex-presidente da Anfavea

-Rafael Lucchesi, Senai Nacional

-Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM)

Micro e Pequenas Empresas

-Tatiana Conceição Valente, especialista em economia solidária

-Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae

-André Ceciliano, candidato derrotado ao Senado pelo PT no Rio

-Paulo Feldmann, professor da USP

Desenvolvimento Social e Combate à fome

-Simone Tebet, senadora (MDB)

-André Quintão, deputado estadual (PT-MG), sociólogo e assistente social

-Márcia Lopes, ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula

-Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff

-Bela Gil, apresentadora

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

-Carlos Fávaro, senador (PSD-MT)

-Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO)

-Carlos Ernesto Augustin, empresário

-Neri Geller, deputado (PP-MT)

Cidades

-Márcio França, ex-governador de São Paulo (PSB)

-João Campos, prefeito do Recife (PSB)

Desenvolvimento Regional

-Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

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