Madame Satã: Patrimônio LGBTQIA+ pode ser tombado pelo Iphan

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Madame Satã, também conhecido como João Francisco dos Santos, é um personagem lendário da Lapa, cuja história pode se tornar o primeiro patrimônio LGBTQIA+ tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O túmulo do artista está localizado no cemitério da Vila do Abraão, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro. O pesquisador Baltazar de Almeida é o responsável pelo pedido de tombamento, visando honrar a memória e combater o apagamento histórico de figuras ligadas ao movimento LGBTQIA+ no país.

Baltazar de Almeida, morador de Angra dos Reis e estudante de Turismo na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, descobriu a ligação de Madame Satã com o local enquanto realizava pesquisas para um roteiro turístico. Como ativista do movimento negro e LGBTQIA+, ele enxerga o pedido de tombamento como um passo importante para preservar a história e a cultura da comunidade LGBTQIA+. A iniciativa de Baltazar visa resgatar a memória de uma figura marcante, que mesmo após tantos anos ainda é alvo de preconceito e discriminação.

Para formalizar o pedido de tombamento, Baltazar realizou uma extensa pesquisa sobre a vida e a importância cultural de Madame Satã. O Iphan já deu início aos estudos técnicos no local, porém o processo de tombamento pode levar até 5 anos, envolvendo diversas etapas e procedimentos. A proposta de criar um departamento específico no Iphan para o tombamento de patrimônios ligados à causa LGBTQIA+ também foi protocolada por Baltazar, visando reconhecer e preservar a história de figuras importantes para a comunidade.

A vida de João Francisco dos Santos, desde sua infância em Pernambuco até sua transformação em Madame Satã, é marcada por desafios e lutas. Filho de um homem branco com uma escrava, João Francisco teve uma trajetória difícil, sendo até mesmo escravizado em determinado período de sua vida. Sua fuga para a Lapa e posterior mudança para Ilha Grande representaram um recomeço, onde ele passou a ser reconhecido não apenas como um malandro, mas como um contador de histórias e uma figura emblemática do seu tempo.

Madame Satã, com sua personalidade única e corajosa, desafiou os paradigmas sociais da época ao se assumir abertamente como homossexual e se travestir de mulher. Sua presença marcante na Lapa e posteriormente em Ilha Grande deixou um legado de resistência e amizade. Para Baltazar, contar essa história sob uma nova perspectiva é uma forma de celebrar a diversidade e a cultura LGBTQIA+, honrando a memória daqueles que foram marginalizados e esquecidos pela sociedade.

A importância do tombamento do túmulo de Madame Satã vai além do reconhecimento de um indivíduo, representando um marco na preservação da história LGBTQIA+ no Brasil. A iniciativa de Baltazar de Almeida é um passo significativo para combater o apagamento histórico e resgatar a memória de figuras essenciais para a comunidade LGBTQIA+. A luta por reconhecimento e inclusão é fundamental para garantir que as gerações futuras possam conhecer e valorizar a diversidade e a riqueza cultural de cada indivíduo, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

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