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Madeireira em Goiânia repassou dinheiro para ex-ajudante de Bolsonaro

Última atualização 15/05/2023 | 17:49

A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Luís Marcos dos Reis, levou investigadores da Polícia Federal (PF) à uma madeireira de Goiânia. A empresa recebeu R$ 32 mil de três contratos com a administração indireta do governo federal, mas chamou atenção por comercializar produtos não relacionados às atividades fim de uma universidade, instituto e uma companhia. O dinheiro foi movimentado entre 2019 e 2022. Em outro esquema em que ele estaria envolvido, pessoas ligadas à primeira-dama Michelle Bolsonaro eram beneficiadas com desvios da Presidência da República.

 

As transações de Reis ocorreram com a Cedro Líbano – que comercializa madeira e materiais para construção -, com uma de suas sócias e o pai de uma delas, embora ele não tenha vínculo com nenhuma das empresas. Os recursos públicos empregados no suposto crime com a empresa goianiense seriam oriundos de emenda parlamentares, segundo informações do portal UOL. A apuração começou após acesso a dados do celular do ex-chefe de Ajudância de Ordens da Presidência da República, Mauro Cid, autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Os policiais verificram inídicos de práticas ilegais do ex-braço direito de Bolsonaro e de Luís. 

 

“A soma das transações a crédito para a conta de Luís Marcos dos Réus é R$ 101 mi. As transações com débito da conta do investigado totalizaram R$ 69 mil. Tais transações se tornam ainda mais incompreensíveis se considerarmos o fato de Luís Marcos Dos Reis ser servidor público, sargento do Exército Brasileiro, lotado até julho de 2022 na Ajudância de Ordens da Presidência da República”, informa a PF. 

 

O dinheiro é resultado de contratos com a Universidade Federal do Espírito Santo, Instituto Federal de Tocantins e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba(Codevasf), de acordo com dados do Portal da Transparência apontados pela PF. “A Codevasf desconhece relações eventualmente existentes entre sócios ou familiares de sócios de empresas fornecedoras e terceiros“, informou a companhia por meio de nota.

 

Além da parte que teria desviado para si, outro montante dos recursos públicos provenientes da Presidência da República teriam sido direcionados por Luís para parentes de Michelle Bolsonaro, como uma tia  chamada Maria Graces de Moraes Braga. Cid teria recebido os valores e feito 12 depósitos em espécie para a mulher, argumenta a PF. Uma amiga da ex-primeira-dama, Rosemary Cardoso, recebeu três depósitos.

 

Duas assessoras de Michelle seriam orientadas a fazer o pagamento aos beneficiários ligados à ex-primeira-dama. Mensagens obtidas pela PF mostram Cid orientando as funcionárias a usar dinheiro em espécie e de forma fracionada. Os valores cobririam despesas de Michelle Bolsonaro. A análise integra o inquérito das fake news. Reis e Cid estão presos há quase duas semanas por suspeita de ter fraudado o cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro ao inserir dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. 

Fraude

Uma auditoria revelou esquema de fraudes em licitações de asfalto feitas durante o governo Bolsonaro pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que realiza obras de pavimentação e máquinas em regiões metropolitanas em todo o país. A avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades entre 2019 e 2021. 

O chamado Cartel do Asfalto  seria formado por 35 empresas. O problema teria sido identificado pelos técnicos na sede da estatal federal, em Brasília, e nas superintendências regionais em 63 pregões com valor total de R$ 1,13 bilhão concorridos por 27 empresas. 

Parte das integrantes no processo estaria presente “apenas a cobrir a participação dessa empresa líder (Engefort), compondo o número de participantes dos certames a fim de dar aparência de concorrência”, de acordo com o relatório do TCU. Outras seriam criadas como fachada pela Engefort, como a  Del, que enviariam propostas falsas e serviriam para rodízio entre as candidatas ao contrato.