Mãe tenta vaga na creche municipal antes de tragédia: ‘Só voltei a trabalhar porque precisava’

mae-tenta-vaga-na-creche-municipal-antes-de-tragedia3A-so-voltei-a-trabalhar-porque-precisava

Mãe diz que tentou vaga na rede municipal antes de deixar bebê em creche
clandestina de Curitiba: ‘Só voltei a trabalhar porque precisava’

Gael, de 4 meses, morreu após se engasgar com leite. Atualmente, cerca de 7.300
crianças esperam uma vaga em creches da Prefeitura de Curitiba.

Casal preso em creche clandestina deixa a prisão
[s04.video.glbimg.com/x240/13614863.jpg]

Casal preso em creche clandestina deixa a prisão

Izabela Cunha Cordeiro, mãe do bebê Gael, diz que tentou uma vaga na rede
municipal de ensino antes de deixar o filho em uma creche clandestina de
Curitiba. Atualmente, cerca de 7.300 crianças esperam uma vaga em creches da prefeitura da capital paranaense.

A mãe conta que procurou o local depois que surgiu a necessidade de trabalhar.

> “Eu estava sem escolha. Tinha que voltar a trabalhar. Eu só voltei a trabalhar
> porque eu precisava”, lamentou.

Gael, de 4 meses, morreu na manhã de segunda-feira (19) enquanto estava sob os
cuidados de um casal na creche clandestina.

> “Eu nunca imaginei. Deixei meu filho vivo. Meu filho estava bem. Nada, nada,
> nenhum dinheiro no mundo vai salvar o meu filho. Ela me ligou e falou que ele
> estava bem, que o Samu estava com ele, mas quando cheguei ele estava morto”,
> diz emocionada.

Um homem e uma mulher, proprietários do local, foram presos em flagrante. A
mulher pagou fiança e o homem foi liberado após uma decisão da Justiça na tarde
desta terça-feira (20). Eles devem responder por homicídio culposo, quando não
há intenção de matar.

O advogado Valter Ribeiro Junior, que representa o casal, classificou a situação
como uma “fatalidade” e afirmou que o espaço não funcionava como creche, mas
como um “atendimento privado”.

No entanto, Igor Ogar, advogado que representa a família de Gael, afirma que
houve uma série de imprudências, por parte do casal, que levaram à morte da
criança.

CRITÉRIOS DE PRIORIDADE

De acordo com a prefeitura, em nota enviada no dia da morte da criança, Gael
passou a concorrer efetivamente por uma vaga na Rede Pública Municipal na semana
passada, quando completou quatro meses

“A Secretaria Municipal da Educação esclarece que as crianças são contempladas
respeitando critérios de prioridade, como casos de vulnerabilidade social. Os
chamamentos são realizados periodicamente, ao longo do ano, conforme a
disponibilidade de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) ou
nos Centros de Educação Infantil (CEIs) contratados”, afirma a nota da
prefeitura.

CRECHE IRREGULAR CUIDAVA DE 20 CRIANÇAS NO DIA DA MORTE DE GAEL

Gael, de 4 meses, morreu enquanto estava sob os cuidados de um casal na
creche clandestina — Foto: Arquivo Familiar

À polícia, o casal afirmou que geralmente cuidam de cinco crianças, de
diferentes idades. Porém, no dia da morte de Gael, cerca de 20 crianças estavam
no local.

Conforme o delegado, os dois desenvolviam a atividade há cerca de dez anos. Após
a situação, os responsáveis das crianças que estavam no local foram chamados
para levá-las embora.

Os responsáveis relataram à polícia que deixaram as crianças no local porque as
creches da rede municipal de ensino estavam fechadas pela manhã e, por conta
disso, não tinham onde deixar as crianças.

Segundo a Prefeitura de Curitiba, na segunda-feira os professores estavam em
atividades pedagógicas para a elaboração da avaliação das crianças no trimestre.
A atividade estava prevista no calendário escolar e, por isso, não houve
atendimento pela manhã.

O delegado Fabiano Oliveira, diz que o casal nega que o espaço se tratasse de
uma creche.

“Eles entendem que eles não eram creche. Eles eram cuidadores. Eu expliquei para
eles que, a partir do momento que você recebe crianças na sua casa, várias
crianças, que você tem uma estrutura que inclusive fornece alimentação para
essas crianças, no nosso entendimento se trata, sim, de uma creche”, afirma
Oliveira.

CASAL DIZ QUE RECEBEU VISITAS DE AUTORIDADES

O casal dono da casa disse à polícia que recebeu visitas do Conselho Tutelar e
da Vigilância Sanitária nos últimos anos.

Por meio de nota, a prefeitura afirma que a vigilância foi ao local em 2022, em
uma ação educativa e de orientação, mas que não tinha nenhuma criança no espaço
no momento da abordagem.

Depois, segundo a nota, não houve nenhuma denúncia referente ao local e o espaço
continuou funcionando, mesmo sem autorização.

GAEL MORREU APÓS SE ENGASGAR

Segundo o delegado Fabiano Oliveira, o bebê frequentava o local há uma semana.
Ele tomou a mamadeira, arrotou e foi colocado para deitar de lado em uma cama de
solteiro. Minutos depois, a mulher percebeu que ele estava com os lábios roxos.

O casal tentou fazer procedimentos de massagens cardíacas e acionou o Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Porém, quando a equipe de socorro chegou,
a criança já estava morta.

A polícia precisou fazer o isolamento do local após moradores da região tentarem
incendiar a creche.

VÍDEOS: MAIS ASSISTIDOS DO DE PARANÁ

50 vídeos

Leia mais notícias no DE Paraná.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp