Em novo vídeo, suspeito de matar Vitória diz ter sido ameaçado por ela
Gravação foi feita durante depoimento de Maicol Sales no último dia 17 de março. Suspeito diz ter sido coagido por policiais a confessar
São Paulo — Um novo vídeo gravado durante o interrogatório de Maicol Antônio Sales dos Santos, na noite do último dia 17 de março, mostra o jovem dando detalhes sobre sua relação com Vitória Regina e dizendo que a jovem de 17 anos teria começado a ameaçá-lo. Na gravação, o suspeito permanece de cabeça baixa em diversos momentos e fala em tom sereno enquanto responde às perguntas do delegado Fabio Cenachi.
“Acabou, cara, resolveu esse problema”, diz o delegado, tentando tranquilizar Maicol. “O primeiro passo para você resolver é esse (a confissão). Se você fosse esperar lá, e aí?”.
Maicol Antônio Sales dos Santos, de 23 anos, foi apontado pela polícia como o único suspeito pelo assassinato brutal de Vitória Regina, encontrada morta em uma área de mata de Cajamar, na região DE São Paulo, no último dia 5 de março, após ficar uma semana desaparecida. Os advogados do suspeito questionam a legitimidade do depoimento e afirmam que o cliente foi coagido.
Durante a confissão, Maicol afirma que teria se relacionado com Vitória há cerca de um ano e meio, época em que já estava com sua atual esposa. Maicol e Vitória teriam “ficado” uma única vez, mas não tiveram relação sexual.
“Ela não pedia nada. Ela falava que ia contar para a minha esposa”, diz Maicol. “Ela te ameaçava?”, questiona o delegado. O suspeito confirma balançando a cabeça.
“Você se preocupava com isso?”, questiona Fabio Cenachi. “Se eu me preocupava? Sim”, responde o interrogado. “Medo de perder minha esposa.”
DEFESA ALEGA COAÇÃO
Em áudio gravado por seus advogados dois dias após o interrogatório, Maicol Sales diz que foi coagido por um delegado a admitir a autoria do assassinato da adolescente. Segundo ele, os policiais envolveriam a esposa e os familiares dele no crime.
“Eles me chamaram na sala lá em cima e falaram que iam me ferrar de qualquer jeito. Falaram que iam colocar minha mãe na cena do crime, minha esposa, minha família toda se eu não ajudasse. Ai eu inventei uma história e falei pra ele (delegado) que fui eu, pra me livrar e livrar minha família”, afirma, na gravação.
Maicol também alegou que um policial chegou a prendê-lo em um banheiro “sujo”, já que ele “não queria cooperar”. Na gravação, o suspeito afirma não saber o nome do delegado.
A defesa afirma que o áudio foi gravado momentos antes da transferência dele da Delegacia de Cajamar para o sistema prisional de Guarulho.
A polícia afirma que, após Maicol sinalizar a intenção de confessar, em 17 de março, os advogados do suspeito teriam abandonado a Delegacia Seccional de Cajamar como uma manobra para tentar evitar a confissão.
RECONSTITUIÇÃO
A Polícia Civil de Cajamar afirmou, na tarde dessa segunda-feira (24/3), que irá fazer uma reconstituição da morte de Vitória para “esclarecer todas as circunstâncias em que o crime ocorreu”.
Os advogados que defendem Maicol questionam o agendamento de uma perícia psiquiátrica do cliente, que foi solicitada pelo delegado responsável pelo caso. Em nota publicada nas redes sociais, o advogado Flávio Ubirajara afirmou “questionar veementemente a conduta adotada pelo delegado que, sem ordem judicial, agendou a realização de uma perícia psiquiátrica”.
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