Maioria dos entregadores de aplicativos são negros e não possui outra renda

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Uma pesquisa revelou que 68% dos entregadores e 62% dos motoristas se autodeclaram pretos ou pardos. O levantamento feito pelas principais empresas de aplicativos no Brasil aponta que mais da metade dos entrevistados se dedica exclusivamente a esse tipo de trabalho. O cenário se apresenta justamente em meio à proposta do governo federal de regulamentar a qualidade, remuneração, proteção e condições de trabalho.

 

As informações são resultado de entrevistas com 3 mil trabalhadores – uma amostra do universo de 1,2 milhão de motoristas e 385 mil entregadores em atuação no País. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, em Goiás existem mais de 30 mil motoristas de aplicativos. Apesar das dificuldades, a maioria afirmou pretender continuar atuando no segmento.

 

Com a representatividade dos serviços de entrega principalmente de comida, o preconceito e confusões com moradores de condomínios se tornou frequente. Por outro lado, a categoria começou a receber o mínimo de aparato para trabalhar com dignidade. Um ponto de apoio foi inaugurado pelo iFood em Goiânia para receber os trabalhadores. Nesse local, eles têm acesso à infraestrutura básica como água potável, banheiro e tomadas.

 

Os dados coletados indicam que os motoristas recebem mais do que entregadores, embora eles tenham carga horária de trabalho semanal quase duas vezes maior. Em média, o serviço prestado com carro rende entre R$ 2,9 mil a R$ 4,7 mil e com moto o lucro varia ente R$ 1,9 mil a R$ 3 mil.

 

Conclusões:

 

-52% trabalha apenas com os aplicativos

-48% possui outra fonte de renda além da recebida com os apps

-42% sobrevive três salários mínimos ou menos (média de R$ 3,9 mil)

-74% afirma ter renda familiar mensal acima de três salários mínimos

-34% diz faturar mais seis salários mínimos

– 60% dos motoristas e 80% dos entregadores quer continuar trabalhando com entregas via aplicativo

-Jornada média de trabalho: motoristas de 22 e 31 horas semanais e entregadores entre 13 e 17 horas semanais

Fonte: Pesquisa com dados da Amobitec (99, iFood, Uber e Zé Delivery)

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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