Propriedades rurais das cidades goianas de São Simão e Chapadão do Céu ocuparam o noticiário nesta terça-feira (10) por uma razão lamentável. Delas foram resgatadas 74 pessoas que trabalhavam em condição análoga à escravidão, no plantio de cana de açucar. O salvamento ocorreu em operação realizada pela Superintendência Regional do Trabalho (SRTb/GO).
A ação que resgatou os trabalhadores em situação de quase escravidão, divulgada nesta terça, aconteceu entre os dias 2 e 6 deste mês, simultaneamente, nos dois municípios do Sudoeste do estado. Ela contou a participação de auditores fiscais do trabalho, membros do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública da União (DPU) e ainda da Polícia Federal (PF). O grupo atuava sem registro e em condições de trabalho extremamente precárias. Faltavam local para as refeições e instalações sanitárias.
Os trabalhadores encontrados em São Simão foram levados de São Paulo, Piauí e Pernambuco via prestadora de serviços contratada para realizar o plantio de cana-de-açúcar para uma usina de álcool do município. Eles foram alojados em uma pousada que não comportava todos.
De acordo com o levantamento feito pela operação, o local chegou a ter 100 pessoas, causando colapso no sistema elétrico e no fornecimento de água do alojamento. “ Com isso, parte deles foi posteriormente levada para outros dois barracos na cidade. Um deles, inclusive, ficava junto a um ponto de prostituição”, afirma o Auditor-Fiscal do Trabalho, Roberto Mendes, coordenador da operação.
Já a turma resgatada de uma fazenda em Chapadão do Céu havia sido cooptada por meio de um aliciador de mão-de-obra em Pernambuco e no Maranhão, para trabalhar para um fornecedor de cana de uma usina da cidade. Eles foram colocados em dois abrigos em condições precárias, sem camas, armários e com péssimas condições de higiene.
As empresas prestadoras de serviços e a usina de álcool foram notificadas pelos auditores para regularizar os contratos de trabalho, pagar as verbas rescisórias dos trabalhadores resgatados e garantir o retorno deles aos estados de origem. As empresas envolvidas assinaram um Termo de Ajuste de Conduta com Ministério Público, se comprometendo a cessar a prática de infrações trabalhistas e a pagar multa a título de dano moral coletivo de R$ 100 mil