Fazer 15 anos é literalmente um evento para muitas garotas. A festa que chega a ser mais incrementada em relação a um casamento continua em moda entre a nova geração. Por causa da pandemia, inclusive, a comemoração foi repaginada de “15+1” ou “15+2” para atender a demanda reprimida do período em que aglomerações eram proibidas. O sonho, no entanto, por pouco não se deixa de se tornar realidade devido ao orçamento, que chega a R$ 95 mil, em média.
A adolescente Christiana Miranda realizou a festa de debutante dela há quase seis meses. Apesar de ser uma celebração tradicional e muitas jovens decidirem trocar esse rito por viagem, ela e as amigas se imaginavam em um aniversário cheio de simbolismo. A ideia, porém, foi modernizada. Looks com tênis, dança apresentada por elas mesmas e manutenção de apenas alguns clássicos de debutante marcaram a festa.
“Sempre foi meu sonho ter uma festa de 15 anos porque eu via os desenhos das princesas e me imaginava usando um vestido enorme, rodado, brilhoso… Passava horas na Internet assistindo a vídeos com abertura de pistas de dança desse tipo de festas. Eu sempre achei muito bonito a debutante dançando com as amigas, a aniversariante na valsa com o pai”, relembra.
A mãe de Christiana, Aline Miranda, sabia que planejamento seria a palavra-chave para a família conseguir celebrar o momento. Ela aproveitou a pandemia para fechar pacotes bem abaixo do preço praticado normalmente. A professora acredita que assinar os contratos em 2020 a ajudaram a economizar bastante, mesmo tendo que incluir itens de proteção individual, como máscaras, álcool e luvas, na conta. Por reconhecer que seria um evento caro, a iniciativa de produzir alguns itens ajudou a reduzir o gasto.
“Tínhamos em mente um orçamento e à medida que o evento foi se aproximando foram surgindo outras coisas e extrapolamos o valor, mas pensamos que valeria a pena e nos organizamos novamente. Considero que seja muito importante para as meninas que têm esse sonho, pois é um momento mágico e único”, afirma.
A cerimonialista Andréia Roncato afirma que o evento está de 15% a 25% mais caro, quando comparado há um ano e meio. A profissional diz que os “excessos” podem ser aparados conforme o alinhamento dos desejos da menina e investimento. A maioria quer superar uma em que já foram ou de alguma amiga. “Essas festas sempre foram muito tradicionais, mas hoje possuem mais pitadas de modernidade e sofisticação. As debutantes querem festas lindas, com atrações ao vivo, inclusive do cenário nacional”.
Força da tradição
A explicação para o deslumbramento ainda hoje seria o apego a um padrão social. De acordo com a psicóloga Carolina Nobre, a ideia é mais recorrente em famílias com modelo tradicional que reelaboraram o significado de “passagem” de criança para mulher. “A festa ainda tem sua importância com o ato de comemoração para se ‘mostrar’ socialmente, para o fazer ‘bonito’ “’, explica.
Segundo estatísticas da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), antes da pandemia, o setor gerava cerca de R$ 17 bilhões de receita em eventos sociais e R$ 250 bilhões em eventos corporativos. Especificamente no caso de festas de debutante, elas continuaram ocorrendo durante a pandemia, mas de forma tímida. Uma pesquisa feita pela entidade, em outubro do ano passado, constatou que 80% das famílias cancelaram, 3% realizaram e 17% reagendaram.
Origem
A tradição teria começado com as civilizações maia e astecas localizadas onde hoje seria o México. A jovens com 15 anos eram encaminhadas para uma escola onde aprenderiam a se tornar esposas e mães. O evento de apresentação delas para a sociedade se popularizou na Europa durante o século 19 como uma forma de encontrar pretendentes dispostos a arranjar um casamento. A pompa do evento seria estratégica para exibir os dotes que os maridos levariam se houvesse o matrimônio