Mais de mil pessoas aguardam na fila para adotar crianças e adolescentes em Goiânia

A conta não fecha, mas há mais pessoas dispostas a adotarem crianças do que menores em abrigos em Goiânia. São 79 meninos e meninas disponíveis e 1.064 pretendentes até março deste ano, de acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Para muitas famílias, o principal empecilho é o perfil do público infantojuvenil.

 

“As famílias têm muita resistência. A maioria quer bebês com características específicas e nem sempre as crianças disponíveis atendem a esse perfil. Muitas têm mais de cinco ou seis anos de idade e têm irmãos. A ideia é não separá-los. Tudo isso causa essas disparidades “, detalha a assessora de imprensa do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), Aline Leonardo.

 

Muitos candidatos a pais querem “filhos do coração” recém-nascidos e brancos. No entanto, a realidade é de muito mais negros e pardos nas casas de acolhimentos aguardando um lar. Das 22 crianças adotadas no ano passado em Goiânia, nenhuma era negra, de acordo com o CNJ. O banco de dados aponta que nenhum jovem acima dos 15 anos encontrou uma família e a maior parte dos escolhidos tinha entre zero e três anos.

 

Para atender a demanda que sofreu uma leve alta com o pico da covid com o fenômeno dos órfãos da pandemia, diversos órgãos competentes se mobilizaram para acolher e agilizar a adoção e guarda dessas crianças e adolescentes. Estimativas do Conselho Nacional de Saúde apontam que mais de 113 mil menores de idade brasileiros perderam o pai, a mãe ou ambos para a Covid entre março de 2020 e abril de 2021. 

 

Em Goiânia, há apenas três casas de acolhimento. O espaço recebe menores sem as famílias biológicas até que algum parente ou família substituta recebam autorização judicial para receber a criança ou adolescente. O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima. A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida.

 

Cenário da adoção em Goiás e no Brasil

 

– Crianças Acolhidas: 715 em Goiás / 32.208 no  Brasil 

– Crianças disponíveis para adoção: 79 em Goiás / 4.318 no Brasil

– Crianças em processo de adoção: 60 em Goiás / 5.466 no Brasil 

– Pretendentes disponíveis: 1.064 em Goiás / 33.326 no Brasil 

 

Adoção em Goiânia em 2022

 

-Idade: 0-3 anos (13); 3–6 (3); 6-12 (5); 12-15 (1); 15-18 (0); 18-21 (0)

-Etnia: parda (13); branca (9); preta (0), amarela (0); indígena (0)

-Gênero: masculino (16); feminino (6)

 

Fonte: SNAA-CNJ

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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