Entre 2017 e 2022, os ricos ficam ainda mais ricos no Brasil. A conclusão é de um levantamento feito pelo economista Sérgio Gobetti e publicado no Observatório de Política Fiscal da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), que aponta um crescimento de 96,1% da renda média dos 0,01% dos mais ricos do País.
Em uma nota técnica, os resultados preliminares do levantamento da análise feita pelo economista sobre os dados da Receita Federal relativos às declarações de Imposto de Renda de pessoas físicas permitem um diagnóstico sobre a evolução e o nível de desigualdade no Brasil. De acordo com Gobetti, é notável o crescimento da renda dos muito ricos a um ritmo duas a três vezes maior do que a média registrada por 95% dos brasileiros.
“O que, ao que tudo indica, a confirmar-se por estudos complementares, elevou o nível de concentração de renda no topo da pirâmide para um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, afirma na nota técnica que revela o crescimento da renda de mais quatro outros estratos sociais.
O milésimo mais rico (0,1%) cuja renda é de pelo menos R$ 140 mil mensais apresentou uma variação de 67% em seus rendimentos, comparando as declarações do IR em 2017 e 2022. Já aqueles que estão entre os 1% mais ricos, cuja renda mínima mensal é de R$ 30 mil, ficaram 66,9% mais ricos entre os anos analisados.
Gobetti afirma que os resultados de sua análise com base nos dados do IRPF servem de alerta sobre o processo de reconcentração de renda e os vetores que contribuem para como os rendimentos isentos ou subtributados, que são a principal fonte de remuneração entre os super ricos.
“Ainda é cedo para avaliar se o aumento da concentração de renda no topo é fenômeno estrutural ou conjuntural, mas as evidências reunidas reforçam a necessidade de revisão das isenções tributárias atualmente concedidas pela legislação e que beneficiam especialmente os mais ricos”, conclui.