Manobrista filmado trocando socos com deputado em Curitiba diz que não sabia quem ele era: ‘Fui saber só depois’
Câmeras de segurança gravaram início do desentendimento entre Renato Freitas e o manobrista Wesley de Souza Silva.
Novas imagens mostram briga entre deputado e manobrista
O manobrista Wesley de Souza Silva, filmado trocando socos com o deputado estadual Renato Freitas (PT), negou que sabia quem ele era.
“Não fazia nem ideia. Eu fui saber só depois de todo o ocorrido quem que era esse rapaz. Eu não sou muito envolvido com política e essas coisas”, afirmou.
Câmeras de segurança e pessoas que estavam no local registraram a confusão no Centro de Curitiba na manhã da última quarta-feira (19). Renato Freitas quebrou o nariz e foi encaminhado para atendimento médico. Wesley teve ferimentos na região do olho.
O advogado Jeffrey Chiquini, que defende Wesley, registrou um Boletim de Ocorrência sobre o caso. Renato Freitas afirmou que o advogado Edson Abdalla, que o representa, ia também fazer um registro.
Em entrevista à RPC, Freitas afirmou que apenas se defendeu e que desconfiava que a confusão foi iniciada por motivação ideológica. Em um dos vídeos, é possível ouvir o homem dizer ao parlamentar: “Você não é o famosinho?”.
“Ele estava me injuriando, falando várias palavras. Ele me chamou de vereador do PSOL. Primeiro que eu sou deputado, segundo que eu sou do PT”, disse o deputado.
O manobrista, porém, nega. De acordo com ele, outras pessoas que estavam no local chamaram Freitas de “vereador do PSOL”.
O deputado afirmou também que foi alvo de ofensas com teor racista por parte de Wesley.
“Ele me xingou, proferiu várias injúrias, me chamou de lixo, de nóia e outros xingamentos mais. As próprias imagens demonstraram que ele saiu do carro em um ímpeto de agressividade”, disse.
O manobrista nega e diz que saiu de dentro do carro para anotar a placa do veículo que Freitas estava.
“Se alguém apanha na rua e vê que a pessoa entrou no carro. Você tem que pegar a placa para poder puxar o nome, quem que é as pessoas. E foi isso que fiz”, disse o manobrista.
Wesley nega também a acusação de que foi racista. Ele, que afirmou não se considerar uma pessoa branca, disse que “nunca na minha vida eu fui racista e nunca vou ser”.
O advogado Edson Abdalla, que defende Renato Freitas, disse que as novas imagens, divulgadas pela defesa de Wesley, “foram editadas para sustentar uma narrativa nas redes sociais”. Disse, ainda, que a confusão foi dividida em dois momentos e que tudo começou depois que “o agressor quase atropelou” o deputado.
“Ficará muito claro que o deputado foi agredido verbal e fisicamente. A agressão começou quando o deputado atravessava a rua acompanhado de sua companheira, momento em que o agressor quase os atropelou. Diante disso, o deputado apenas pediu respeito aos pedestres. Foi então que o agressor abaixou o vidro e iniciou insultos racistas e agressões verbais gravíssimas — e é nesse contexto que tudo se desencadeia.”
Ainda segundo Abdalla, Renato foi perseguido após o primeiro contato com Wesley.
“Após uma breve e já encerrada confusão, o deputado retornou ao seu carro. Em seguida, o agressor, acompanhado de mais duas pessoas, passou a correr pela rua em perseguição ao deputado Renato. Quando o semáforo fechou, as agressões continuaram. Um deles já estava filmando, e pouco depois o vídeo foi publicado em uma rede social de extrema-direita. Em menos de duas horas, diversos pedidos de cassação do mandato do deputado Renato estavam protocolados. Portanto, a polícia certamente conduzirá a investigação necessária para esclarecer os fatos e separar o joio do trigo.”
O advogado Jeffrey Chiquini, que defende Wesley, disse que vai protocolar, nesta sexta-feira (21), uma notícia-crime contra Renato por lesão corporal.
“Hoje vamos protocolar uma notícia-crime para a instauração de inquérito policial, a fim de apurar o crime de lesão corporal praticado pelo deputado e seu assessor. Na sequência, vamos ingressar com ação cível indenizatória e com pedido de cassação de seu mandato.”
Jeffrey também afirmou que Renato “oprimiu um jovem da periferia”.
“Renato Freitas não é mais da periferia: ele é parte da elite. Um deputado estadual bem pago com dinheiro público e cheio de regalias do seu mandato, oprimiu um jovem da periferia no seu local de trabalho.”
Após a confusão, opositores de Renato Freitas protocolaram ao menos cinco representações contra o deputado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) por quebra de decoro parlamentar, pedindo a cassação do mandato dele.
A Casa de Leis disse que a situação será analisada pelo Conselho de Ética em até 90 dias.
O deputado classificou as representações como “oportunistas”.
DE MANCHETES A NOTÍCIAS
O flagrante da troca de socos entre o deputado e o manobrista em Curitiba gerou intensa discussão na mídia e nas redes sociais. Desde o início da confusão até a divulgação de imagens e depoimentos dos envolvidos, o caso foi amplamente abordado. Renato Freitas e Wesley de Souza Silva se tornaram protagonistas de uma história que refletiu a tensão e os desentendimentos presentes na sociedade. O desdobramento das ações legais e políticas decorrentes do incidente continuam a ser acompanhados de perto por todos os envolvidos e pela população em geral.
Os episódios de confrontos e agressões entre figuras públicas e cidadãos comuns são cada vez mais frequentes e demonstram a necessidade de um diálogo eficaz e respeitoso em todos os setores da sociedade. A repercussão midiática desses eventos evidencia a importância da transparência e da responsabilidade no trato com o próximo. O embate de versões diferentes sobre os fatos levanta questões essenciais sobre a comunicação e a interpretação dos acontecimentos, mostrando a complexidade das relações interindividuais e políticas.
Neste contexto, a defesa dos direitos individuais e coletivos se torna fundamental para evitar conflitos e promover a igualdade e o respeito mútuo. A busca por justiça e equidade nas relações sociais e políticas deve nortear as ações de todos os envolvidos, visando construir uma sociedade mais justa e democrática. Os desafios enfrentados diariamente pelos cidadãos e representantes públicos revelam a importância do diálogo e do respeito às diferenças para a construção de um mundo mais inclusivo e pacífico.




