Maracanazo em 1950 e morte de Ghiggia em 2015: 16 de julho marca o futebol do Uruguai

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Maracanazo em 1950 e morte de Ghiggia em 2015: 16 de julho marca o futebol do Uruguai

Há 75 anos, Uruguai venceu a Copa de 1950 no Maracanã contra o Brasil. Herói do título, Ghiggia morreu no aniversário da conquista

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Ghiggia morreu exatamente 65 anos depois do gol que ocasionou o Maracanazzo

O dia 16 de julho serviu como data de celebração do futebol uruguaio por 65 anos. Foi neste dia que, em 1950, o Uruguai venceu o Brasil por 2 a 1 e conquistou a Copa do Mundo no “Maracanazo”. Há dez anos, porém, o 16 de julho também é encarado com luto. Ghiggia, herói da conquista, morreu aos 88 anos no aniversário do título. O ge conta a história do duelo.

Uruguai campeão da Copa do Mundo no Maracanã em 1950 — Foto: Reprodução

Em 75 anos, o Brasil conquistou cinco edições da Copa do Mundo e parou somente em mais uma final. Hoje, o país do futebol exporta craques para todo o planeta e é lembrado pelo “jogo bonito”.

UMA COPA PARA O BRASIL

Em 1950, o mundo era completamente diferente. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava arrasada. As grandes capitais estavam destruídas, sem dinheiro e às vezes com separações ideológicas entre os blocos capitalista e socialista. Foi assim que a taça Jules Rimet chegou ao continente sul-americano. Também era um Brasil que traçava novos rumos. Getúlio Vargas, presidente entre 1930 e 1945, deu lugar ao general Eurico Gaspar Dutra, mas já se candidatava para presidir o país novamente.

SURGE O MARACA

Se a Copa é no Brasil, que o Rio de Janeiro tenha um grande estádio. Até 1948, o maior estádio da então capital do país era São Januário, casa do Vasco da Gama. O local era utilizado pelo presidente Getúlio Vargas para eventos e discursos importantes. A campanha pela construção do Estádio Municipal no terreno do Derby cresceu na imprensa graças ao jornalista Mário Filho, dono do Jornal dos Sports que daria nome ao estádio anos depois. Ele e Barroso saíram vencedores da disputa e as obras começaram em 2 de agosto de 1948. O Estádio do Maracanã ganhou o apelido por conta do Rio Maracanã, que corre logo ao lado.

COMEÇA A COPA!

Mesmo com o Estádio Municipal cheio de vigas e claramente não-finalizado, a Copa do Mundo de 1950 teve o seu pontapé inicial. O grande estádio do Rio foi inaugurado em 16 de junho de 1950, mas as obras terminaram somente em 1965. Além do Maracanã, a Copa também foi disputada em Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Porto Alegre e Recife. No tupi, maracanã significa “semelhante a um chocalho”. Aquele coliseu moderno fez questão de fazer mais barulho que um chocalho na empolgante campanha de 1950. O Brasil liderou seu grupo na primeira fase com vitórias sobre México e Iugoslávia por 4 a 0 e 2 a 0, respectivamente, e com um empate em 2 a 2 com a Suíça.

O MARACANÃ É AZUL-CELESTE

Era uma seleção brasileira que vestia a camisa branca com detalhes azuis, cantava samba e goleava seus adversários. A Suécia foi a primeira a experimentar um verdadeiro baile do Brasil: 7 a 1 com quatro gols de Ademir de Menezes. Depois, foi a vez da Espanha: 6 a 1. Foram duas goleadas que levaram, nos dois jogos, mais de 300 mil torcedores no Maracanã. Com os europeus derrotados, somente o vizinho Uruguai ainda tinha chances de superar o Brasil para ficar com a taça.

Para quase todos os 200 mil presentes, qualquer cenário que não fosse o título do Brasil era besteira. No jogo mais difícil do quadrangular, Friaça fez o primeiro do Brasil para alegria dos muitos apressados que já comemoravam a conquista da Copa na arquibancada. Nem mesmo o gol de empate marcado por Schiaffino desanimou os presentes, apesar do susto. A certeza do título esfriou e foi transformada em lágrimas com Ghiggia, que virou para o Uruguai, o grande campeão de 1950. A derrota em casa deixou marcas expostas por anos. Nem o bicampeonato de 1958 e 1962 apagou o “Maracanazo” da memória. Em 75 anos, o Uruguai não conquistou mais Mundiais, e celebra a conquista de 1950 anualmente. Traumas ficaram e vítimas foram feitas. Barbosa, goleiro do Brasil, foi apontado o grande culpado pela derrota e virou o bode expiatório do vice-campeonato. A camisa branca também se despediu, dando lugar a amarelinha. E o mais impressionante: a Seleção só voltou a jogar em 1952.

MORTE NO ANIVERSÁRIO

Há 10 anos, a comemoração do Maracanazo foi tomada pelo luto. No dia do aniversário de 65 anos do bicampeonato da Copa do Mundo, o Uruguai se despediu do ídolo e herói Alcides Ghiggia. Aos 88 anos, ele não resistiu a uma parada cardíaca, poucas horas após ter sido internado com dores no peito em Montevidéu. Carrasco do Brasil, era o último jogador da Celeste vivo na época.

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