Marcha indígena em Brasília pede revogação do marco temporal: manifestantes bloqueiam vias e se reúnem com ministro do STF

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Indígenas marcham em Brasília e pedem a revogação do marco temporal

Manifestantes bloqueiam faixas durante ato e se reúnem com ministro do STF

O trânsito na área central de Brasília teve a rotina alterada, nesta quinta-feira (10/4), devido a um ato de indígenas que realizaram uma marcha no Eixo Monumental nesta tarde. Durante o ato, três faixas foram bloqueadas temporariamente para o deslocamento do grupo, incluindo a S1 da Torre de TV, que seguiu em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Quinze representantes das etnias participaram do encontro, que teve como pauta principal a revogação do marco temporal e a garantia dos direitos constitucionais dos povos indígenas. A Polícia Militar acompanhou o trajeto, para organizar o trânsito.

Cultura e comércio no acampamento

Enquanto parte dos participantes se envolve diretamente nas manifestações políticas, outros permanecem no acampamento montado na área do antigo Complexo Funarte. Lá, indígenas aproveitam para divulgar sua cultura por meio da venda de artesanatos típicos.

Kaimoti, de 78 anos, do povo Carajá, veio de São Pedro de Araguaia, Tocantins. Ela trouxe copos decorativos e outros itens tradicionais para vender. “É importante mostrar nossa arte para as pessoas. Cada peça carrega um pouco da nossa história e da nossa conexão com a natureza”, disse Kaimoti enquanto atendia visitantes no acampamento.

Lakukuai, de 52 anos, do povo Kauikuero, viajou do Mato Grosso para participar do evento. Ela trouxe colares e pulseiras confeccionados por sua comunidade. “O artesanato é uma forma de sustentar nossas famílias e também de ensinar sobre nossa cultura. Quem compra leva um pedaço da nossa tradição para casa”, explicou Lakukuai.

Além das vendas, o acampamento também é palco de apresentações culturais e debates sobre temas importantes para os povos indígenas. A bancada do cocar, formada por mulheres indígenas da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, tem promovido palestras sobre saúde, violência contra mulheres indígenas e mudanças climáticas.

“A mulher indígena tem um papel fundamental nas mudanças climáticas porque somos nós que transmitimos os conhecimentos às próximas gerações. Nossa luta é pela vida e pelo futuro”, destacou Puy Tembé durante uma palestra.

Reivindicações urgentes

Com o lema “APIB Somos Todos Nós: Em Defesa da Constituição e da Vida”, o ATL deste ano reforça a luta pela revogação do marco temporal e pela proteção dos direitos constitucionais dos povos originários. As lideranças também discutem temas como saúde indígena, violência contra mulheres trans indígenas e protagonismo nas questões climáticas globais.

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