Marconi quer barrar obra do hospital do câncer de Goiás

Depois de duas derrotas consecutivas para o Senado, em 2018 e 2022, longe dos holofotes e sem agendas capazes de o colocar em evidência, o ex-governador e presidente do PSDB em Goiás, Marconi Perillo, busca visibilidade no cenário político com a tentativa desesperada de oposição ao governador Ronaldo Caiado.

Numa ação considerada desastrosa, via petição questionada por especialistas, o tucano quer que o Tribunal de Contas do Estado de Goiás anule o Termo de Colaboração firmado entre o governo estadual e a Fundação Pio XII, mantenedora e administradora do Hospital do Câncer de Barretos, que tem como objeto a construção do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (CORA), lançado em fevereiro deste ano em Goiânia, e com previsão para ser entregue em agosto do ano que vem. Se atendida, a solicitação de Perillo teria como consequência a paralisação das obras de construção da unidade hospitalar.

O CORA será o primeiro hospital público estadual exclusivamente dedicado ao tratamento contra o câncer. O projeto prevê 148 leitos de internação, centro cirúrgico, farmácia, centro de exames por imagem e de infusão quimioterápica, além de casa de apoio para acompanhantes e ala exclusiva para pediatria. O investimento previsto é de R$ 424 milhões. O hospital é celebrado pelo próprio governador como a maior obra do seu governo, até agora.

CORA será o primeiro hospital público estadual exclusivamente dedicado ao tratamento contra o câncer

Entretanto, nos bastidores, a percepção é que a pretensão de Perillo pode representar um verdadeiro tiro no pé e gerar ainda mais desgastes para a sua já combalida figura política, uma vez que o seu inusitado desejo geraria uma grande frustração para milhares de famílias que esperam o início das atividades da unidade. O câncer é hoje, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), a principal causa de mortes por doença na infância.

Marconi pode entrar para a história como o político que impediu a construção deste centro de tratamento do câncer para crianças. Segundo estudos da Fundação Pio XII, cerca de 8,5 mil goianos buscam tratamento contra o câncer em Barretos todos os anos, e 14 mil novos casos de câncer infantil são diagnosticados, mas apenas 7 mil encontram vagas para tratamento.

A atitude do ex-governador também é vista como eleitoreira, uma tentativa de se recolocar no tabuleiro político estadual, já que não tem conseguido agenda política suficiente para o debate.

Não é a primeira vez que o tucano se insurge contra ações na área da saúde empreendidas pelo atual governo. Em julho de 2022, ele foi ao Ministério Público Federal (MPF) para impedir que o governo de Ronaldo Caiado fizesse um repasse de R$ 14 milhões para o Hospital de Palmeiras de Goiás, sua terra natal. O próprio prefeito da cidade, Vando Vitor, disse, à época, que o posicionamento era puro “ciúme eleitoral”, e chamou atenção para o prejuízo que tal atitude causaria à população da cidade.

No governo desde janeiro de 2019, Ronaldo Caiado é hoje um dos governadores mais bem avaliados do país. Promoveu a regionalização da saúde, com a entrega de sete policlínicas em diversas regiões de Goiás, além da retomada e entrega de outras obras que estavam paralisadas há décadas. O atendimento às demandas dos municípios e a retomada regular dos repasses das vinculações constitucionais às prefeituras fizeram do atual chefe do executivo estadual praticamente uma unanimidade entre os gestores municipais, tanto que Caiado foi reeleito no ano passado, em primeiro turno, com o apoio de 235 prefeitos, entre os 246 do estado.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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