Marcos do Val teria atuado para incriminar Bolsonaro em trama golpista

Pessoas próximas a Bolsonaro teriam agido para que Marcos do Val “afastasse a participação do ex-presidente na trama”

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) teria agido para dificultar e embaraçar a investigação da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado. A informação consta em inquérito da corporação, do qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes quebrou o sigilo e enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (26/11).

Depois da divulgação do plano de gravar Moraes clandestinamente, pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “atuaram para que o Senador alterasse sua versão sobre o plano criminoso e afastasse a participação do ex-presidente na trama”. As ações ocorreram em dezembro de 2022, mês planejado para prender e matar o ministro.

O relatório cita que Marcos do Val trocou mensagens com o ex-deputado federal Daniel Silveira, nas quais o ex-parlamentar pede que o senador grave Moraes dizer que agiu fora da Constituição Federal de 1988. Para a PF, Silveira sabia dos atos empregados em prol da “ruptura institucional”.

Em conversa com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o senador reforça o objetivo de embaraçar as investigações, diz a corporação. A ideia dele era descredibilizar o ministro.

Silveira teria chamado Marcos do Val para uma reunião com Bolsonaro, na qual lhe seriam dadas as condições para gravar Moraes, como a oportunidade e os meios técnicos. Os fatos vieram a público em 1° de fevereiro de 2023, quando o senador disse que foi coagido pelo ex-presidente.

MORAES DERRUBA SIGILO DA PF E ENCAMINHA RELATÓRIO À PGR

O ministro do STF Alexandre de Moraes derrubou o sigilo do relatório final da Polícia Federal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Moraes enviou ainda os documentos à Procuradoria-Geral da República (PGR), atualmente comandada por Paulo Gonet.

No total, a PF indiciou 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Entre os indiciados estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid; além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

A PGR analisará as provas apresentadas pela PF e, a partir de então, pode decidir se apresenta denúncia ou não contra os investigados. O parecer será direcionado ao ministro Moraes. Caso seja oferecida denúncia, os 37 indiciados se tornam réus.

O QUE A PF DESCOBRIU

A PF descobriu uma trama golpista visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice dele, Geraldo Alckmin (PSB), ao término das eleições presidenciais de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu o pleito.

O plano previa, inclusive, o assassinato de Lula, Alckmim e Moraes. A partir da quebra de sigilo telefônico e telemático de aparelhos celulares e computadores, a PF encontrou áudios e conversas em que os investigados tramam o golpe de Estado.

PF DIVIDIU EM SEIS NÚCLEOS OS INDICIADOS DE GOLPE DE ESTADO

As investigações da PF apontam que os 37 indiciados “se estruturaram por meio de divisão de tarefas”, o que resultou nos seguintes grupos:

a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;

Integrantes: Mauro Cesar Barbosa Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz.

b) Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;

Integrantes: Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid.

c) Núcleo Jurídico;

Integrantes: Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, Amauri Feres Saad, Jose Eduardo de Oliveira E Silva e Mauro Cesar Barbosa Cid.

d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;

Integrantes: Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins De Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães.

e) Núcleo de Inteligência Paralela;

Integrantes: Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Camara e Mauro Cesar Barbosa Cid.

f) Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e Apoio a Outros Núcleos

Integrantes: Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

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Trump se pronuncia em defesa da liberdade e segurança de opositores de Maduro

Trump defende liberdade e segurança para opositores de Nicolás Maduro

O presidente eleito dos Estados Unidos fez um post, nesta quinta-feira (9/1), após prisão relâmpago de María Corina Machado

A prisão relâmpago de María Corina Machado, líder da oposição contra Nicolás Maduro, foi tema de uma publicação do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Na sua rede social, Truth Social, Trump disse que María Corina Machado e Edmundo González devem permanecer seguros e vivos.

O posicionamento do líder norte-americano ocorreu após a prisão relâmpago de María Corina Machado. “A ativista venezuelana pela democracia Maria Corina Machado e o presidente eleito González estão expressando pacificamente as vozes e a vontade do povo venezuelano com centenas de milhares de pessoas se manifestando contra o regime”, comentou Trump.

“A grande comunidade venezuelano-americana nos Estados Unidos apoia esmagadoramente uma Venezuela livre, e me apoiou fortemente. Esses lutadores pela liberdade não devem ser feridos, e devem permanecer seguros e vivos.”

PRISÃO DE MARÍA CORINA MACHADO

María Corina Machado, líder da oposição contra Nicolás Maduro, foi libertada após denúncias de que ela teria sido presa. A informação foi divulgada pelo grupo opositor Comando ConVzla, cerca de 1h após ter sido interceptada ao sair de uma manifestação.

De acordo com o grupo, que liderou a campanha presidencial de Edmundo González contra Maduro, a ex-deputada foi detida ao sair de um protesto no bairro de Chacao, em Caracas, e levada à força.

A prisão de María aconteceu um dia antes da posse presidencial na Venezuela. A cerimônia desta sexta-feira (10/1) deve marcar o início de mais um mandato do governo de Nicolás Maduro, porém o candidato da oposição, Edmundo Gonzalez promete comparecer para assumir o Palácio de Miraflores apesar de ser procurado pela Justiça.

“NÃO BRINQUEM COM FOGO”

González estava em asilo político na Espanha, desde setembro do ano passado, e vem dizendo, nas últimas semanas, que estará pessoalmente na Venezuela nesta sexta para tomar posse. Ele já está na América Central, onde visita autoridades de outros países, em busca de apoio e reconhecimento da vitória nas urnas.

“Às forças de segurança que a sequestraram eu digo: não brinquem com fogo”, complementou González no X, onde se apresenta como o “presidente eleito da Venezuela”.

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