Mário Frias critica filme indicado ao Oscar por suposto viés comunista: repercussão e debates sobre liberdade artística e memória histórica

O ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Mário Frias, causou polêmica ao atacar o filme brasileiro Ainda Estou Aqui, que está concorrendo em três categorias no Oscar, a renomada premiação do cinema mundial. Em suas redes sociais, Frias classificou a obra como “peça comunista” e fez duras críticas à sua abordagem, alegando que se trata de propaganda e desinformação em forma de arte. Deputado federal pelo PL, o ex-secretário afirmou que o filme destrói a cultura nacional ao disseminar uma mensagem comunista e manipuladora.

Ainda Estou Aqui narra a história da família de Rubens Paiva, ex-deputado federal que foi brutalmente assassinado durante a ditadura militar no Brasil, em 1971. Dirigido por Walter Salles, o filme concorre nas categorias de melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz, esta última pela atuação de Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva, viúva do político morto. A trama sensível e envolvente retrata um período sombrio da história brasileira e a luta de uma família em meio a um regime autoritário e violento.

A ditadura militar no Brasil foi um período conturbado que se estendeu de 1964 a 1985, deixando um rastro de violência, repressão e cerceamento das liberdades individuais. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, 434 pessoas foram mortas ou desapareceram durante esse período, vítimas da brutalidade do regime militar. A memória desses acontecimentos ainda ecoa na sociedade brasileira, e obras como Ainda Estou Aqui buscam resgatar e manter viva a história e a memória daqueles que foram oprimidos e silenciados.

Mário Frias, que ocupou a pasta da Cultura durante parte do governo Bolsonaro, tem se destacado por suas posições controversas e declarações polêmicas. Sua crítica ao filme Ainda Estou Aqui gerou repercussão nas redes sociais e dividiu opiniões entre os internautas. Enquanto alguns concordam com sua visão e consideram a obra como uma tentativa de manipulação ideológica, outros defendem a liberdade artística e a importância de se abordar temas sensíveis e históricos por meio da arte.

A arte, por sua natureza, tem o poder de provocar reflexões, gerar debates e ampliar horizontes. O cinema, como forma de expressão artística, tem sido um meio poderoso de contar histórias, disseminar ideias e ampliar o conhecimento sobre diferentes realidades. A crítica de Mário Frias ao filme Ainda Estou Aqui ressalta a importância do debate sobre o papel da arte na sociedade e da liberdade criativa dos artistas em abordar temas complexos e controversos.

A história de Rubens Paiva e de tantos outros que sofreram com a repressão da ditadura militar no Brasil merece ser contada e relembrada. A obra cinematográfica Ainda Estou Aqui surge como uma tentativa de resgatar a memória desses indivíduos e de manter viva a luta por justiça e verdade. Por meio da arte, é possível sensibilizar e informar o público sobre os acontecimentos históricos que moldaram a sociedade brasileira e as marcas deixadas por um período sombrio de nossa história.

Os embates em torno do filme Ainda Estou Aqui refletem as divergências políticas e ideológicas que permeiam a sociedade brasileira. As diferentes visões sobre o passado, o presente e o futuro do país se manifestam no debate público e na arena cultural. A liberdade de expressão, fundamental em qualquer sociedade democrática, deve ser garantida para que diferentes vozes e perspectivas possam ser ouvidas e respeitadas.Independentemente das opiniões divergentes, a arte tem o poder de unir, emocionar e transformar, conectando pessoas e realidades diversas em torno de uma experiência comum: a experiência humana.

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