Maurício Barbieri revela estratégias do Pachuca em partida contra o Botafogo: pontos fortes e fracos do rival na Intercontinental

Maurício Barbieri detalha como é o jogo do Pachuca, adversário do Botafogo na Intercontinental

O treinador brasileiro Maurício Barbieri passou recentemente pelo Juárez, do México, e enfrentou esse mesmo Pachuca. Ao de, ele explicou quais são os pontos fortes e fracos do adversário, que perdeu alguns jogadores importantes nos últimos meses.

Nesta quarta-feira, às 14h (de Brasília) a bola rola para o Dérbi das Américas entre Botafogo [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/] e Pachuca, do México, na estreia alvinegra na Copa Intercontinental. O adversário dos brasileiros não vive um bom momento, algo dito pelo próprio treinador, Guillermo Almada, em coletiva de imprensa antes da bola rolar. Mas nem por isso vai deixar o time de Artur Jorge confortável.

– Essa equipe do Pachuca tem como característica ser muito intensa, vertical, é o jogo que o Almada (treinador) propõe. Inclusive, no México ele é muito conhecido por fazer pré-temporadas bem exaustivas, exigindo dos jogadores ao máximo. Quando eles foram campeões da Concacaf, muitos jogadores choraram (de alívio) porque tinham pensado em desistir durante pré-temporada por causa da exigência. Eles têm como fator chave tentar chegar ao seu gol muito rápido, com muita transição, com idas e voltas.

O time treinado pelo brasileiro ficou em 12º no Apertura, enquanto o Pachuca terminou em 16º. E o último jogo oficial do adversário do Botafogo, há um mês, foi justamente contra o Juárez, ainda quando era treinado por Barbieri. Vencedor no confronto por 1 a 0, o treinador destaca que a estratégia alvinegra para conquistar a classificação à semifinal passa por explorar as lacunas que o Pachuca deixa no campo em alguns de seus contra-ataques.

– Acho que o Botafogo tem que estar muito atento a isso, sei que o time também tem o contra-ataque muito forte. Acho que pode encontrar espaços nesses momentos do jogo porque, como Pachuca promove esse jogo vertical, também fica muito exposto aos contra-ataques.

Artur Jorge e Alex Telles contam o que viram sobre o Pachuca [https://s04.video.glbimg.com/x240/13172511.jpg]

SAÍDA DE JOGADORES IMPORTANTES, MAS AINDA COM DESTAQUES INDIVIDUAIS

Do time campeão da Concacaf, o Pachuca perdeu peças importantes. A principal era o meia Erick Sanchez, que era uma referência no time para as transições e foi transferido para o América. Também considerado atualmente um time formador de talentos, abriu mão do atacante Miguel Rodriguez, de 21 anos, vendido ao Celta de Vigo.

Barbieri ressalta que, ainda assim, há jogadores que podem ameaçar o gol do Alvingegro.

– Tem jogadores muito perigosos como Idrisse, muito forte no um contra um; Rondón, centroavante de área da seleção venezuelana e muito experiente; e o Deossa, que é um médio colombiano, pode jogar como um segundo volante, mais avançado, pega muito bem de fora da área e sempre faz muitos gols dessa maneira.

POUCO TEMPO PARA ESTUDO DOS MEXICANOS

Artur Jorge disse, em coletiva, que o Alvinegro pouco se debruçou nos estudos sobre o adversário, mas que conseguiu passar a ideia no primeiro e único treino para o duelo. Um pouco dessa análise foi feita, inclusive, durante o voo para Doha, horas depois da conquista do título brasileiro.

– Tem alguns contextos diferentes, como bolas paradas, tem uma forma de jogar que cria algumas dificuldades na forma como é e é competente na circulação de bola. Equipe que tem mais alguma desorganização defensiva no encurtamento sobre o adversário. Então temos alguns aspectos que para nós são fundamentais e que iremos compartilhar com a equipe também. Nesses últimos dias, nada fizemos. Hoje no treino tivemos uma parte mais estratégica para que amanhã possamos complementar e os jogadores identificarem os adversários – explicou o treinador português.

Marcelo Courrege está no Catar e traz informações sobre o Botafogo [https://s03.video.glbimg.com/x240/13172262.jpg]

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Por que a derrota do Botafogo no Catar deveria preocupar todo o futebol brasileiro? E o que isso revela sobre os problemas estruturais do esporte no país? Saiba mais aqui.

Todo o futebol brasileiro deveria se preocupar com a derrota do Botafogo no Catar. É natural que a rivalidade faça com que torcedores rivais se divirtam com derrotas como a que o Botafogo sofreu diante do Pachuca. Mas analisando mais profundamente o que aconteceu no Catar, ou mesmo nos dias e semanas prévios à viagem alvinegra para a Copa Intercontinental, o mais adequado seria dizer que qualquer torcedor brasileiro deveria se preocupar. Porque a maratona que contribuiu para que o Botafogo sucumbisse contra os mexicanos, em breve pode vitimar qualquer outro clube do país. A derrota escancara alguns dos mais graves problemas estruturais do futebol brasileiro.

Foi impossível olhar para o jogo e não pensar no calendário nacional. Se o Pachuca era um adversário pouco habitual de um clube brasileiro, a maratona a que times do país são submetidos antes de jogar algumas partidas de futebol não é. E o alvinegro foi a vítima da vez: a final da Libertadores, o jogo decisivo com o Internacional, o título brasileiro contra o São Paulo há três dias, as 15 horas de viagem, as noites mal dormidas, o fuso horário… Nada disso combina com uma preparação desejável para competir em alto nível.

O impacto do desgaste se revelou mais na forma como o Botafogo sucumbiu do que propriamente no fato de um time brasileiro não avançar numa competição com os campeões de outros continentes. Porque aí entra outro ponto importante a analisar. Este tipo de torneio, com formato similar ao que a Fifa adotava em seu Mundial de Clubes até o ano passado, termina por nos confrontar com uma dura realidade: os melhores times da América do Sul estão muito mais próximos dos campeões dos demais continentes do que dos campeões europeus.

Então, assistir a uma eliminação do vencedor da Libertadores diante de um representante das Américas do Norte ou Central, ou mesmo contra um asiático ou africano, já não deveria chocar. Desde 2012, quando o Corinthians bateu o Chelsea no último título mundial da América do Sul, os campeões da Libertadores não chegaram à final contra o Europeu em seis edições, ou seja, exatamente a metade das disputas desde então.

O fato é que, se a globalização concentra riqueza na Europa, tira do Brasil as grandes estrelas e aproxima as forças na periferia, também é verdade que o calendário brasileiro não ajuda os clubes daqui para enfrentamentos cada vez mais parelhos. Já é possível prever novos problemas em 2025. O calendário do ano que vem, desta vez discutido com os clubes, tem avanços. Antecipar para março o início do Brasileiro e empurrar parte dos Estaduais para o período da pré-temporada são acertos. No entanto, são as melhores e mais criativas soluções possíveis dentro de uma estrutura política que segue impondo as 16 datas dos Estaduais e um total de quase 80 compromissos às equipes brasileiras mais bem-sucedidas. Na quarta-feira, em Doha, um Botafogo com 75 jogos no ano enfrentava um Pachuca que fazia sua 49ª partida em 2024.

A necessidade de encaixar tantos jogos já criou um período delicado para junho de 2025, às vésperas do novo Mundial de Clubes, nos EUA. Há uma Data-Fifa inconveniente, marcada pela entidade internacional, terminando no dia 10, com um Brasil x Paraguai pelas eliminatórias. No dia 12, uma quinta-feira, há uma rodada do Campeonato Brasileiro e, três dias mais tarde, Botafogo e Palmeiras estreiam no Mundial. Ou seja, será preciso remanejar jogos da rodada do Brasileiro para uma Data-Fifa, ou submeter estes clubes a uma maratona similar à que fez o Botafogo: jogar no Brasil, fazer uma longa viagem e entrar em campo com pouquíssimo descanso para estrear no Mundial.

O novo torneio impõe outro risco, assumido em conjunto por CBF e clubes: há rodada do Brasileirão marcada para o dia da final do Mundial de Clubes. Ou seja, se um clube do país conseguir o feito de chegar à decisão, terá que adiar seu jogo pelo campeonato nacional. Para que o calendário tenha um recesso no meio do ano, durante o Mundial da Fifa, o Brasileirão terá que avançar até o dia 21 de dezembro – uma estrutura que a CBF pretende manter pelas próximas temporadas. Óbvio que é melhor parar o futebol doméstico durante os torneios internacionais de meio de ano. No entanto, como se joga um número absurdo de partidas no Brasil, outros problemas se criam. A Copa Intercontinental de 2025, caso aconteça, irá coincidir com algumas das seis rodadas do Campeonato Brasileiro previstas para dezembro.

A derrota para o Pachuca encerra uma grande temporada do Botafogo, a maior da história do clube. O alvinegro, além de oferecer ao país o melhor futebol jogado neste ano, também nos deu motivos para refletir. O futebol brasileiro precisa partir de vez para uma reforma estrutural. É possível obter avanços no calendário, mas o mundo ideal só será alcançado quando CBF e clubes romperem com uma estrutura política arcaica que sustenta Estaduais longos e impõe uma maratona desumana a times e jogadores. Isto se o futebol brasileiro quiser ajudar seus clubes a serem mais competitivos no cenário de um futebol global cada vez mais competitivo.

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