MC Cabelinho critica perseguição ao funk e prisão de MC Poze do Rodo: ‘Criminalizam nossa arte’ no João Rock

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Cabelinho cita perseguição ao funk e critica prisão de MC Poze do Rodo:
‘Criminalizam a nossa verdade’

Uma das atrações do João Rock, em Ribeirão Preto (SP), MC disse ao DE que
entendimento sobre apologia é subjetivo. ‘São acusados por simplesmente
retratarem nas suas letras o que vivem dentro da favela.’

Uma das atrações do João Rock, um dos principais festivais de música do país realizado este mês em Ribeirão
Preto (SP), MC Cabelinho criticou, em entrevista ao DE, a perseguição ao funk e a
recente prisão de MC Poze do Rodo por apologia ao crime. “Acredito que retratar a realidade da favela é arte dependendo de quem está
por trás dessa arte. Se for o próprio morador, o próprio favelado, fazendo da
sua realidade uma música, uma rima, aí vira apologia. Quem decide isso? É tudo
muito subjetivo na minha opinião”, afirma.

Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso em 29 de
maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia
Civil do Rio de Janeiro. Isso ocorreu porque ele é investigado por suspeita de
apologia ao crime e de envolvimento com o tráfico de drogas. Cinco dias depois, ele foi solto após
ser beneficiado por um habeas corpus, que determinou o cumprimento de medidas
cautelares. Além disso, o desembargador da Segunda Câmara Criminal do Rio
argumentou que a prisão não se sustentava, pois não ficou demonstrada que ela
era imprescindível para a investigação.

Parte do movimento funk e do trap, além de parceiro musical de Poze do Rodo,
Cabelinho entende que esses gêneros sofrem uma perseguição da mesma forma que
outras manifestações culturais populares, como o samba, já sofreram. “É um problema que várias culturas negras e periféricas já passaram. A nossa
história não mente, cara. O samba sofreu esse tipo de perseguição lá atrás, a
capoeira também e o funk quase foi criminalizado há poucos anos. Eu penso que
essa história de que na favela só tem bandido é uma história vendida de
propósito. Criminalizam a nossa verdade e a nossa arte”, diz.

O cantor reitera seu posicionamento de que medidas como a prisão contra Poze são
evidências de um preconceito contra o gênero e de uma postura que não leva em
conta o papel simbólico e de representação das letras para a realidade de quem
as canta. “O que diferencia a arte da apologia ao crime, infelizmente, é quem cria e faz a
arte. Os MCs que são crias das comunidades são acusados de apologia por
simplesmente retratarem nas suas letras o que vivem dentro da favela. Se querem
que nossas letras falem de outras coisas, precisam mudar a realidade das
favelas.”

Cabelinho foi uma das atrações do palco ‘Fortalecendo a Cena’ no João Rock,
evento que reuniu 58 mil pessoas no último sábado, 14 de junho, em Ribeirão
Preto. Na apresentação, além de canções como ‘Né Segredo”, faixa-título do álbum lançado em 2022, ele também colocou no repertório sucessos como “A Cara do Crime
(Nós Incomoda)”, parceria com MC Poze do Rodo, Bielzin e PL Quest. Ele também aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem à banda Charlie
Brown Jr com “Céu Azul”.

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