Médica fala sobre permanência dos sintomas após cura da Covid-19

O Diário do Estado entrevistou, nesta quarta-feira, 9, a médica nutróloga, Drª Aline Longatti, para falar das “sequelas” que podem ser deixadas pela Covid-19. “É muito novo esse quadro, mas tem sido estudado muito. O que a gente percebe é que na grande maioria das pessoas que tem a Covid, é uma infecção branda, leve e que não tem tantas repercussões. Agora, tem uma porcentagem, inclusive crescente, destes pacientes que contraem a doença e ficam com alguns sintomas persistentes”, conta Aline.

Como funcionam estes sintomas prolongados? “O que chama mais a atenção é a fadiga crônica. É a fadiga muito grande e os pacientes se referem também a uma falta de ar aos pequenos esforços, Isso não acontece só nos casos mais graves, em pacientes que ficaram internados, mas pacientes com Covid branda que continuam tendo sintomas a longo prazo”. Mas a médica pontua que este “longo prazo” é relativo, pois se trata de uma doença com apenas um ano de existência.

“Tem pacientes que reclamam de dor muscular, dores nas articulações, perda de olfato e paladar que não voltam logo de imediato”, conta. “Só que a gente não sabe até onde vai e a que grau a complicação pode surgir”, admite. Outros casos possíveis são de pessoas que se curaram por agora, mas que por conta de já terem tido a Covid-19, desenvolverem problemas no futuro. “Há pacientes que podem ter repercussões cardiovasculares mais precoces, porque a gente nãos sabe até onde foram comprometidos os pequenos vasos”, afirma Longatti.

Ela relata também uma pesquisa interessante: “Na Rússia, tem se acompanhado pacientes em caso pós-hospitalar, mais graves… eu sei que foram 183 pacientes acompanhados. Destes, após 90 dias, 87% permaneceram com sintomas”, relata. “Acredita-se também que mais ou menos 2% dos pacientes que não foram hospitalizados, também permanecem com sintomas”. Mas a nutróloga tem reparado também repercussões emocionais: “Tem pacientes que falam comigo que começaram a ter depressão, ansiedade… assim, uma sensibilidade extrema”, aponta, preocupada.

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Vídeo: Circulação de fake news fez Goiás cair índice a cobertura vacinal infantil

Devido às baixas procuras por vacinas, em função da pandemia de Covid-19 e circulação de fake news, Goiás deu início nesta segunda-feira, 8, à Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e de Multivacinação para Atualização da Caderneta de Crianças e Adolescentes. O objetivo é reduzir o risco de transmissão de doenças imunopreveníveis, como a paralisia infantil, sarampo, catapora e caxumba. Este ano, a média da cobertura vacinal em Goiás está pouco acima dos 50%, ou seja, longe do ideal que 95%.

De acordo com a gerente do Plano de Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria de Estado de Goiás, Clarice Carvalho, durante o período crítico da pandemia da Covid-1, no estado, muitos pais deixaram de levar as crianças até uma unidade de saúde para atualizar o cartão de vacinação. O medo, em parte, estava relacionado à doença, porém, a circulação de informações falsas contribuíram com o quadro.

“Muitas pessoas tinham receio de ir até uma unidade de saúde para se vacinar, mesmo estas unidades estando preparadas para acolher as pessoas. Ainda houve um receio, mas devido a circulação de fake news, informações incorretas, informações falsas, abordando a segurança da vacina”, explicou Clarice.

Para esse público, que ficou sem vacinar durante os últimos dois anos, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) vão elaborar um plano para que o esquema vacinal fique completo.

Além disso, de acordo com a gerente do PNI, em Goiás, diversos municípios já atuaram ativamente para buscar as crianças que precisam de algum imunizante.

“Os municípios têm trabalhado sim nesta busca ativa, indo nas casas, principalmente, para vacinar as crianças de acordo com as doses programadas para a sua idade”, explicou Clarice.

*Entrevista completa ao final do texto*

Multivacinação Infantil

A Campanha de Multivacinação está aberta em todos os 246 municípios goianos, com objetivo de sensibilizar pais e responsáveis a levarem as crianças e adolescentes aos postos de saúde para completarem o cartão vacinal.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostram que, nos últimos anos, as coberturas vacinais de todas as vacinas estão bem abaixo de 95%, meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) para garantir a proteção coletiva de toda a população infantil. Este ano, a média da cobertura vacinal em Goiás está pouco acima dos 50%.

Risco

O Brasil já convive com a reintrodução de doenças que já haviam sido erradicadas. Dois anos depois da concessão do Certificado de País Livre do Sarampo, com a circulação do vírus dessa doença e a transmissão por mais de 12 meses consecutivos, o país perdeu essa certificação. De 2019 a 2020, foram 20 casos notificados em Goiás.

Também a difteria, que havia sido controlada, deixando de ser uma preocupação dos gestores de saúde, voltou a apresentar casos isolados. O último caso da doença havia sido notificado em 1998. Neste ano, foi registrado um caso da enfermidade, em Santa Helena de Goiás.

Com o vírus da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, circulando em países da África e diante das baixas coberturas registradas nas crianças brasileiras, existe o risco do retorno dessa doença, prevenida com apenas duas gotinhas da vacina Sabin.

O Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de imunizar 95% do público-alvo vacinado contra a poliomielite, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença.

Sarampo, tétano, difteria, poliomielite, tuberculose, coqueluche, meningites e várias outras doenças são prevenidas com vacinas seguras, testadas e usadas há mais de 30 anos com sucesso no Brasil.

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