Última atualização 30/11/2022 | 17:11
Disponível na rede pública de saúde há cinco anos, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP-HIV) ainda é desconhecida de muitas pessoas, especialmente jovens. A medicação é voltada para evitar mais de 95% de casos de Aids entre público específico em situações pontuais. Ao todo, 3.270 usuários estão em uso em Goiás, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). Quase 40 anos após a epidemia da doença, os avanços científicos aprimoraram o tratamento. A boa notícia, no entanto, fez muitos se tornarem infiéis aos métodos preventivos.
Os universitários Bruna Santos, 22, e Fábio Augusto da Silva, 20, nunca ouviram falar sobre o PrEP-HIV. Eles afirmam que não se lembram de ter visto campanhas educativas sobre Aids ou o medicamento preventivo. “Eu me lembro de ter tido aulas na escola sobre isso”, diz Bruna. “Eu tive acesso a essas informações quando ouvi falar na TV de cantores que morreram com HIV, como Cazuza. Depois, pesquisei na internet”, afirma Fábio.
Eles são o retrato de boa parte dos jovens abaixo dos 30 anos que tiveram menos contato com histórias de pessoas em tratamento contra a Aids. O grupo formado por adolescentes e jovens está em crescimento da infecção pelo HIV, conforme dados da SES-GO. De acordo com o infectologista Marcelo Daher, parte deles têm mais acesso à informação por meio da internet, porém desconhecem como se prevenir contra o HIV/Aids e os tratamentos acessíveis contra o vírus.
“Eles não se preocupam muito. As informações são pouco divulgadas, precisamos conversar mais a respeito”, destaca o médico.
O PrEP-HIV é voltado para gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, trabalhadores do sexo, pessoa que frequentemente deixam de usar camisinha nas relações sexuais ou fazem sexo sem camisinha com alguém que seja HIV positivo e que não esteja em tratamento, quem faz uso repetido de Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) e quem apresenta episódios frequentes de Infecções Sexualmente Transmissíveis. Nenhum deles pode estar infectado.
Trata-se de um comprimido com dois antirretrovirais que deve ser ingerido diariamente para impedir o HIV de infectar a célula porque há um “acúmulo” de droga no organismo. Ele diz que o perfil das pessoas diagnosticadas com Aids continua sendo de HSH. “O PREP é usado uma vez por dia para pessoas com risco alto de infecção pelo HIV e os pacientes são monitorados frequentemente”, completa. Embora eficaz, a orientação é não descartar o uso de preservativos e não compartilhar agulhas e seringas.
O medicamento começa a fazer efeito em 7 dias para relação anal e em 20 dias de uso para relação vaginal. No Sistema Único de Saúde (SUS), os comprimidos são fornecidos gratuitamente a cada três meses. É possível comprar nas farmácias somente com apresentação de receita médica sob o custo de R$ 150, em média. O Brasil é líder no uso da PrEP na América Latina. Um estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz) está criando uma versão injetável para o método preventivo.