Dois estudos apresentados no congresso da Sociedade de Clínica Oncológica Americana (ASCO), nos EUA, neste fim de semana, indicam avanços no tratamento contra o câncer de pulmão. A doença é a que mais mata no Brasil, com 28 mil óbitos por ano.
Uma das pesquisas, conduzida pela Yale Cancer Center, demonstram a criação de um medicamento capaz de reduzir em 51% o risco de morte em tumores de células não pequenas, responsáveis por mais de 80% dos casos. No trabalho, que se encontra na fase 3, os pesquisadores americanos contaram com a participação de 682 pacientes de 26 países, utilizando o medicamento osimertinibe, produzido pela AstraZeneca.
Os pacientes eram pessoas com câncer de pulmão em células não pequenas com a mutação do tipo EGFR. Todos eles passaram por cirurgia para retirada do tumor e, após a operação, receberam o medicamento e outros, placebo. Durante o acompanhamento de quase cinco anos, foi possível observar que o risco de morte entre os pacientes que tomaram o medicamento era 51% menor do que o grupo que não tomou a droga. O benefício foi observado em todos os estágios da doença.
“Isso reforça ainda mais a necessidade de identificar esses pacientes com biomarcadores disponíveis no momento do diagnóstico e antes do início do tratamento”, afirmou Roy Herbst, diretor adjunto do Yale Cancer Center e líder do estudo, ao ressaltar a necessidade dos exames que possam identificar quais dos pacientes possuem a mutação.
Eliminação completa
Outro estudo, desta vez conduzido pela Universidade de Stanford, demostrou que a utilização do medicamento imunoterápico pembrolizumabem, da farmacêutica MSD, antes da cirurgia de retirada do tumor e combinado com a quimioterapia, aumentou as chances de remoção completa do câncer durante a operação e reduziu o risco de retorno da doença.
A pesquisa, também na fase 3, demostrou redução de 42% no risco de recorrência e progressão da doença ou morte entre os pacientes que receberam o medicamento antes da cirurgia.
“Outros estudos com outros imunoterápicos já demonstraram benefício parecido. Este estudo vem corroborar o papel da imunoterapia pré-operatória e esta estratégia passa a se tornar mais uma opção de tratamento para esses pacientes”, disse ao Estadão William Nassib William Junior, líder de especialidade de tumores torácicos do Grupo Oncoclínicas, que também acompanhou a apresentação dos estudos em Chicago.