Médico acusado por 22 mulheres é investigado após morte em clínica de estética

O médico Josias Caetano dos Santos, responsável pelo procedimento de hidrolipo que levou à morte da jovem Paloma Lopes, de 31 anos, em uma clínica no Tatuapé, zona leste de São Paulo, já responde a pelo menos 22 processos judiciais por negligência médica. As denúncias incluem casos de pacientes que sofreram mutilações e cicatrizes severas após intervenções realizadas pelo cirurgião.

De acordo com o advogado José Beraldo, que representa as vítimas, as pacientes buscaram procedimentos estéticos para melhorar a autoestima, mas enfrentaram graves consequências. “Essas mulheres procuraram beleza e encontraram o horror”, afirmou Beraldo.

Os processos, abertos entre 2022 e 2023, tramitam em diversas comarcas de São Paulo e estão na fase de perícia médica, com análises conduzidas pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC).

Histórico de denúncias

Segundo a CNN, Josias realizava cirurgias plásticas, como lipoaspirações e implantes de silicone, tanto em hospitais da capital quanto em seu consultório particular no Tatuapé, local que não possui infraestrutura adequada para procedimentos complexos. Entre os relatos, há casos de pacientes que perderam o mamilo após cirurgias de prótese de silicone.

Em um caso de 2019, uma mulher submetida a uma mamoplastia redutora percebeu que a aréola de um dos seios estava necrosada poucos dias após a cirurgia. Os reparos realizados no consultório do médico não tiveram sucesso, resultando na perda do mamilo. A vítima acionou a Justiça pedindo uma indenização de R$ 70 mil pelos danos sofridos.

Josias também foi condenado em 2013 a pagar R$ 20 mil por danos morais a uma paciente que enfrentou complicações graves após um implante de silicone realizado em 2007. A mulher sofreu uma hemorragia que não foi tratada adequadamente e precisou procurar outro hospital para tratar anemia pós-operatória.

Morte na clínica Maná Day

Nesta terça-feira, 26, Paloma Lopes Alves faleceu após realizar uma hidrolipo nas costas e abdômen na clínica Maná Day. O procedimento, conduzido por Josias, resultou em uma parada cardiorrespiratória irreversível.

Segundo o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), diversas denúncias contra o médico já foram arquivadas. No entanto, o órgão afirmou que está investigando o caso envolvendo Paloma, com o processo tramitando sob sigilo.

A defesa do médico não se pronunciou até o momento. As autoridades continuam apurando o caso.

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PF: Bolsonaro sabia de carta para pressionar comandante do Exército

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro foi informado de que oficiais do Exército tornariam pública uma carta endereçada ao então comandante da Força, general Marco Antônio Freire Gomes, como forma de pressionar o militar a aderir a uma tentativa de golpe de Estado, após as eleições de 2022.

Segundo a Polícia Federal (PF), um grupo de militares insatisfeitos com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin, decidiu escrever e divulgar o documento, chamado Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro, como parte de uma estratégia para “provocar uma ruptura institucional” e, assim, “manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder”.

Ainda de acordo com a PF, a análise de telefones posteriormente apreendidos com os tenentes-coronéis Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros; Ronald Ferreira de Araújo Júnior e Mauro Cid, então ajudante de ordens do presidente Bolsonaro, permitiu aos investigadores “identificar toda a dinâmica da confecção e divulgação” do documento, “concebido e aprimorado durante a última semana de novembro de 2022”.

“As trocas de mensagens evidenciam que a confecção e disseminação da carta com teor golpista, assinada por oficiais do Exército, era de conhecimento e anuência do então presidente da República, sendo uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Comando do Exército a aderir à ruptura institucional”, concluem os investigadores no relatório que a PF entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ao indiciar 37 pessoas, incluindo Bolsonaro.

No documento, os investigadores reproduzem mensagens que Cavaliere e Cid trocaram por meio de um aplicativo. Segundo a PF, na ocasião, os investigados estavam ajustando o teor e a forma de divulgar a carta. Cavaliere pergunta a Cid: “[O] 01 sabe disso?”. E o ajudante de ordens responde: “Sabe…”. Posteriormente, ao ser interrogado pelos policiais federais, Cavaliere confirmou que o termo 01 era uma referência a Bolsonaro. E que, ao perguntar se o mesmo tinha conhecimento “disso”, estava se referindo à carta.

“O declarante [Cavaliere] disse que queria saber se JAIR BOLSONARO tinha conhecimento da Carta aberta”, concluem os investigadores no relatório já encaminhando à Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão ao qual cabe oferecer denúncia contra os indiciados; pedir o arquivamento do inquérito ou o aprofundamento da investigação.

Paralelamente, após realizar uma sindicância interna que identificou “indícios de crime militar”, o Exército indiciou, no início deste mês, três militares apontados como os principais autores da carta: o coronel Anderson Lima de Moura, da ativa, e os coronéis Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo, ambos da reserva. Os dois primeiros estão entre os 37 indiciados pela PF esta semana.

Na segunda-feira, 25, em coletiva de imprensa, Bolsonaro declarou que “nunca discutiu golpe com ninguém”. Segundo o ex-presidente, todas as medidas tomadas durante seu governo foram feitas “dentro das quatro linhas da Constituição”.

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