Literatura para mim é um parque de diversões’: médico mineiro que venceu o Diário do Estado fala sobre obra e amor pela escrita
Natural de Passos, Marcelo Henrique Silva conquistou o principal prêmio literário do país com ‘Sangue Neon’, um romance que une medicina, empatia e história.
A literatura sempre esteve presente na vida do médico e escritor Marcelo Henrique Silva, de 32 anos. Natural de Passos (MG), ele era um menino diferenciado. “Sempre fui aquela criança que ficava na biblioteca no recreio”, conta. Porém, a escolha pela medicina afastou a escrita.
“Quando a gente vai chegando no ensino médio, começa essa pressão, essa cobrança de que você tem que fazer isso, tem que ser aquilo… E essa parte da literatura foi ficando pelo caminho”, explica o médico.
Graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcelo trabalhou por dois anos como médico generalista no programa Mais Médicos, atendendo em postos de saúde de bairros carentes em Passos.
Foi ali que teve contato com travestis e pessoas que vivem com HIV, experiências que, mais tarde, se tornariam base emocional e ética de seu primeiro livro. Hoje ele trabalha como médico radiologista especializado em oncologia, em Belo Horizonte (MG).
Antes de conquistar o Prêmio Diário do Estado 2025 com o romance Sangue Neon, na categoria Escritor Estreante, Marcelo trilhou um caminho de escuta, empatia e reencontro com a própria vocação. “Eu voltei a repensar sobre as minhas paixões. Foi nesse contexto que voltei a ler, principalmente literatura contemporânea brasileira”, diz.
Em 2019, o autor viu na internet uma homenagem à travesti pernambucana Brenda Lee, criadora da primeira casa de apoio para pessoas com HIV na América Latina.
“Nascia ali Sangue Neon, romance ambientado entre os anos 1980 e 1990, período marcado pelo fim da ditadura, a redemocratização e o surgimento do HIV.
O título do livro nasceu de uma metáfora poderosa. Marcelo conta que travestis usavam o próprio sangue como forma de defesa contra a violência, erguendo-o “como um escudo”.
Para ele, o principal legado de Sangue Neon é o exercício da empatia.’
 
				



