Médico que foi agredido por marido de paciente diz que não houve negligência

Agredido pelo marido da paciente Nathali Haydee Cunha, que morreu em uma unidade de pronto atendimento de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, o médico Pablo Henrique diz que não houve negligência durante o atendimento à professora. 

Segundo o profissional, ele seguiu todos os protocolos para o tratamento de Nathali, que anteriormente já havia procurado a UPA do Setor Mansões Odisséia com dores no corpo e havia sido diagnosticada com dengue por outro médico. Na ocasião ela havia sido orientada a fazer hidratação e tomar os medicamentos prescritos. 

“Em nenhum momento foi tratado com negligência, isso é totalmente incompatível com o tratamento que foi dado a ela”, afirmou Pablo.

Após quatro dias a professora voltou a unidade de saúde reclamando das dores. Pablo disse que o quadro dela havia se agravado e ela não resistiu. A agressão aconteceu na tarde da última segunda-feira,11, quando o marido da paciente socou o rosto do médico, deixando um ferimento de três centímetros em uma das pálpebras. 

O médico ainda explicou que quando a paciente chegou sabia que tinha potencial de gravidade e seguiu o protocolo de dengue. Segundo ele, em um momento a paciente havia dito que tinha melhorado um pouco, dessa forma, ele optou por esperar a medicação acabar para analisar a situação e que como o quadro não havia melhorado, foi solicitado uma transferência para a emergência. 

“O acompanhante poderia ficar agitado, porque a paciente estava com dor. Com essa paciente, todas as vezes que o acompanhante me chamou, eu fui lá, nem que fosse para explicar que era preciso aguardar a medicação, ver se ela estava sentindo dor”, disse. 

Depois de duas horas, Nathali acabou falecendo e foi aí que o marido dela entrou no consultório e agrediu o médico, que estava em atendimento. Devido a agressão, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pela Polícia Militar contra o marido da paciente. A Polícia Civil segue investigando a morte da professora.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) repudiou a violência contra o médico afirmando que nada justifica a atitude registrada e lamentou que episódios assim sejam cada vez mais frequentes exigindo medidas para garantir a segurança dos profissionais da saúde. 

Pablo segue afastado de suas atividades profissionais para se recuperar do corte no rosto. De acordo com a defesa do marido de Cunha, Jhader de Melo, o cliente está arrependido pela agressão e que esta foi causada pelo descontrole após a perda da esposa.

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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