Médico paraguaio sem Revalida atendia com carimbo cedido por outro profissional e os dois são presos no Paraná
Nomes dos médicos não foram divulgados. Prefeitura disse que notificou terceirizada que contratou os médicos e determinou a substituição do profissional acusado de ceder assinatura para outro médico.
Dois médicos foram presos suspeitos de falsidade ideológica e pelo crime de exercício ilegal da medicina no Pronto Atendimento (PA) de Irati, na região central do estado. O caso aconteceu no domingo (23).
O nome dos médicos não foi divulgado pela polícia.
Segundo a Polícia Civil (PC-PR), a prisão foi motivada pela denúncia da mãe de uma paciente do PA. Ao receber um receituário médico, a mulher percebeu que o nome e o carimbo registrado no documento não eram os mesmos do mesmo do profissional que atendeu a filha.
A mulher foi até a Polícia Militar (PM-PR) e registou um boletim de ocorrência. A corporação foi até o PA em seguida.
De acordo com o delegado Gabriel Moura Marinho, da 41ª Delegacia da Polícia Civil de Irati, o médico responsável pelo carimbo disse à PM que o outro profissional, que atendeu a paciente, estava sob supervisão dele.
Ainda segundo a polícia, o profissional que realizou o atendimento usando as informações pessoais de outro profissional não possui o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Ele é de origem paraguaia e não fez o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), documento que valida diplomas de médicos formados no exterior para que possam atuar no Brasil.
Após serem ouvidos pela PM, eles foram detidos e encaminhados à delegacia. No interrogatório, o médico que supervisionava o profissional paraguaio ficou em silêncio.
“A senhora que levou a filha relatou que, em momento algum, o médico com o CRM correto, que seria o supervisor, participou da consulta”, disse o delegado.
O DE fez contato com a empresa responsável pela contratação dos profissionais e aguarda retorno. O DE também aguarda resposta do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) sobre o caso.
Em nota, a Prefeitura de Irati informou que, assim que tomou conhecimento do fato, notificou a empresa responsável pelos serviços do PA e determinou a substituição do profissional acusado de irregularidade.
Disse também que o secretário de saúde prestou depoimento junto à Polícia Civil (PC-PR) e afirmou que não existe “no âmbito do município de Irati qualquer programa que autorize o exercício de atividades supervisionadas no âmbito da medicina”.
A nota também por diz que uma sindicância administrativa foi instaurada para apurar os fatos.
No decreto, o prefeito determinou o descredenciamento da empresa e também determinou o afastamento cautelar do médico responsável pelo plantão do domingo”, finaliza a nota.
Esse caso levanta uma série de questionamentos sobre a prática médica e a legalidade do exercício da profissão. A população deve sempre exigir profissionais capacitados e com formação adequada, a fim de garantir a qualidade e segurança no atendimento médico.