Medo de voar? Especialistas respondem dúvidas sobre turbulência e segurança

Aeroporto de Goiânia voar

O medo de voar é algo que surge naturalmente em muitas pessoas. Pensando nisso, o Diário do Estado conversou com dois comandantes de voo, que não puderam ser identificados nesta matéria por conta da política das empresas nas quais trabalham. Ambos responderam dúvidas sobre turbulência e segurança, além de abordar algumas curiosidades.

O que é a turbulência?

Apesar de parecer algo complexo, a turbulência é simples de entender. “Turbulência é uma perturbação na atmosfera. Pode ser por convecção, do ar que aquece e sobe, e a de céu claro, com diferenças entre camadas de ar. Quando o avião passa por isso, ele também balança”, explica um dos comandantes, com 30 anos de experiência na área.

De acordo com o outro, que possui 28 anos de experiência, trabalhou em mais de 24 empresas aéreas e conta com aproximadamente 18 mil horas de voo, a turbulência pode ter como causa a presença de prédios e montanhas, mas são mais perigosas quando se está próximo do solo.

Em outros casos, a turbulência só será perigosa para os passageiros que não apertarem os cintos quando os comissários pedirem.

Acidentes na hora de voar

Apesar de estatisticamente ser algo seguro, voar também possui alguns riscos de acidentes. Eles podem surgir por problemas mecânicos e de manutenção, ou por erros humanos.

“Acidente em si é a junção de vários pequenos erros. Às vezes, um grande erro não causa o acidente, só um incidente”, afirma um dos comandantes. Segundo ele, a aviação sempre evolui com acidentes, pois, infelizmente, algumas coisas se aprendem apenas com os erros.

De acordo com o outro profissional, o maior perigo está naquilo que não dá para simular totalmente. “O maior risco na aeronave é o fogo e a fumaça. Vários problemas são controláveis. O avião tem dois sistemas de drop, dois sistemas elétricos, dois motores, até dois pilotos. Agora, é muito difícil simular o fogo, porque nunca se sabe quanto vai se desenvolver. O fogo destrói a aeronave, a fumaça pode intoxicar piloto e passageiros”, afirma.

Ainda assim, ele diz que também é preciso ter atenção aos pousos. “Mais da metade dos acidentes acontece na aproximação do pouso. Quando você está pousando, está perdendo energia. O avião tem muito arrasto e pouca potência. Quando você decola é o contrário, ganhando altura, energia e velocidade. No avião, quanto mais velocidade e altitude, mais seguro, é mais fácil de guiar”.

Apesar de concordar com o companheiro, o outro comandante traça um panorama mais geral. “O cuidado vem desde o início. Você dormir bem em casa é um cuidado, descansar bem. Você tem a responsabilidade de perceber quando não está bem para voar, isso em relação a pilotos. Trabalhamos com vidas. Qualquer pequeno erro pode causar algo catastrófico, e por isso somos treinados o tempo todo para gerenciar”, completa.

Medidas de segurança

Naturalmente, as medidas de segurança na hora de voar são aquelas que estão previstos nos protocolos. “Em situações de emergência, cada parte da aviação é treinada para isso. Os pilotos de um jeito, os comissários de outro, os mecânicos de outro. Todos são treinados para trabalhar juntos, constantemente”, reforça um comandante.

O seu companheiro ecoa a mesma recomendação, dizendo que os passageiros devem seguir o que os comissários indicam. Os outros profissionais da aeronave, por outro lado, devem seguir os passos que existem no próprio treinamento.

Curiosidades nas alturas

Assim como em qualquer área humana, a aviação também possui diversas curiosidades interessantes. Um dos comandantes citou duas situações que podem ser novidades para o público geral.

“Uma curiosidade é que o avião consegue voar sem os motores. O planeio de um jato comercial é em torno de 15 para um. Isso quer dizer que, a cada metro que afunda, ele consegue voar 15. Se ele está em uma altitude de 1 km, consegue planar por 15 km”, conta.

Além disso, para descobrir como funciona a aerodinâmica do avião, é possível fazer um teste dentro de casa. “O que sustenta o avião é a força do ar em cima da asa, e não embaixo. Se você pegar uma colher de sopa e segurar na ponta do dedo, abrindo a torneira com a parte de trás da colher na torneira, ela funciona como se fosse uma asa. Dá para sentir que a água puxa a colher como o ar puxa a asa para cima, é bem legal essa experiência”, detalha.

Paixão por voar

Em conclusão, voar é um trabalho difícil, mas capaz de despertar muita paixão. “Uma das coisas que eu mais gosto é que cada voo é diferente. Cada decolagem, pouso, voo nivelado, preparação. Sempre voamos com pessoas diferentes, por isso o treinamento deve ser bem rígido para todos falarem a mesma língua”, finaliza um comandante.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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