Mudança de estado e silêncio: Ministério Público detalha reflexo do medo entre testemunhas após morte de jovem em ação policial em Piracicaba
Segundo depoimentos de testemunhas, policiais determinaram que imagens fossem apagadas, mandaram um amigo da vítima deixar o bairro e fizeram ameaças constantes. Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva tinha 22 anos, conforme informações detalhadas pelo Ministério Público (MP) de São Paulo.
Rejeição a prestar depoimento e até mudança de estado foram alguns dos reflexos do clima de medo entre vítimas e testemunhas da morte de Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, durante a ação da Polícia Militar em Piracicaba (SP), em abril deste ano.
As informações foram detalhadas na denúncia da Promotoria à Justiça contra seis policiais militares por envolvimento no caso, apresentando acusações de homicídio, tortura, coação, fraude processual e violação de direito de advogado.
O promotor de Justiça Aluisio Antonio Maciel Neto relata na denúncia que as vítimas e testemunhas apresentaram-se temerosas em prestar depoimento nos autos, evidenciando um clima de medo instaurado desde o início das investigações.
Uma das testemunhas relatou que “os policiais militares viram as imagens e disseram que se alguma delas tivesse registrado que era para apagarmos”. Outro depoente afirmou que pessoas têm medo de falar sobre o assunto por envolver policiais militares, destacando a preocupação constante dos PMs com possíveis registros de imagens.
Um amigo de Gabriel mudou de estado por medo dos policiais militares devido às publicações nas redes sociais. Outra testemunha afirmou que as pessoas têm medo de prestar depoimento devido às ameaças feitas pelos policiais.
A postura dos PMs envolvidos, segundo o Ministério Público, foi claramente para inviabilizar a investigação do caso. A denúncia destaca a gravidade dos fatos envolvendo homicídio, tortura e coação no curso do processo.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que os policiais militares alvo de pedido de prisão preventiva já estão presos e os demais afastados das atividades operacionais, ressaltando que não compactua com excessos ou desvios de conduta por parte de seus agentes. A atual gestão investe na qualificação e modernização das forças de segurança para coibir a letalidade policial e garantir a transparência e responsabilidade nas ações policiais.