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Megaesquema de estelionato com pastores fez mais de 50 mil vítimas

Última atualização 20/09/2023 | 17:24

Pastores evangélicos no centro de um dos maiores esquemas de estelionato já investigados no Brasil, com um número estimado de mais de 50.000 vítimas de diversas camadas sociais em todo o país. Este é o saldo da “Operação Falso Profeta”, deflagrada nesta quarta-feira, 20, pela Polícia Civil do Distrito Federal. Além de Goiás, a operação envolveu cerca de cem policiais civis e abrangeu o Distrito Federal e os estados do Mato Grosso, Paraná e São Paulo.

Além das prisões e buscas, medidas cautelares foram aplicadas, incluindo o bloqueio de valores e redes sociais, bem como uma decisão judicial que proíbe o uso dessas mídias digitais. A investigação foi iniciada há cerca de um ano, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/DECOR).

O método consistia em persuadir, principalmente pessoas evangélicas, a investirem suas economias em falsas operações financeiras e projetos de ações humanitárias, prometendo retornos financeiros astronômicos. Os criminosos chegaram a prometer que um depósito de apenas R$ 25 poderia render um retorno de um octilhão de Reais, ou que investir R$ 2.000 resultaria em 350 bilhões de centilhões de euros.

A ação policial resultou no cumprimento de dois mandados de prisão preventiva e dezesseis mandados de busca e apreensão. O grupo, composto por cerca de duzentos membros, incluía dezenas de líderes evangélicos autointitulados pastores, que induziam suas congregações a acreditar que eram escolhidos por Deus para receber a “Benção”, ou seja, as quantias milionárias.

Golpe

A investigação revela que os suspeitos formavam uma rede criminosa altamente estruturada e especializada em diversos crimes, incluindo falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionato. Seu modus operandi envolvia a utilização das redes sociais, como YouTube, Telegram, Instagram e WhatsApp, onde exploravam a fé alheia, a crença religiosa e uma teoria conspiratória chamada “Nesara Gesara” para enganar suas vítimas.

Para dar credibilidade à fraude, os suspeitos criaram empresas fictícias, simulando serem instituições financeiras digitais com alto capital social declarado. Celebravam contratos falsos com promessas de liberação de quantias surreais provenientes de títulos de investimento inexistentes, alegadamente registrados no Banco Central do Brasil (BACEN) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

A investigação também revelou uma movimentação financeira superior a R$ 156.000.000 nos últimos cinco anos, identificando cerca de quarenta empresas fictícias e mais de oitocentas contas bancárias suspeitas.

A operação de hoje representa uma continuação das investigações iniciadas há cerca de um ano, quando um dos principais líderes da organização foi preso em flagrante após usar documentos falsos em uma agência bancária de Brasília, simulando um crédito de aproximadamente R$ 17 bilhões. Mesmo após a prisão deste indivíduo, o grupo continuou aplicando golpes.

Os envolvidos podem ser responsabilizados por diversos crimes, incluindo estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e associação criminosa.