Megaoperação mira crimes ambientais e busca reverter devastação da Mata Atlântica

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, agoniza sob o peso da devastação ambiental. Imagine a vastidão verde que cobria 17 estados brasileiros, abrigando uma profusão de vida: onças-pintadas, micos-leões-dourados, bromélias exuberantes e árvores centenárias. Agora, visualize essa paisagem magnífica sendo reduzida a fragmentos, com cicatrizes profundas abertas pelo desmatamento. Essa é a triste realidade da Mata Atlântica, que hoje luta para sobreviver em apenas 12,4% de sua cobertura original.
 
Diante dessa crise ambiental, uma força-tarefa se levanta em defesa da Mata Atlântica. Dezessete estados brasileiros, unidos em prol da preservação, lançam uma megaoperação contra o desmatamento. Policiais ambientais, fiscais e especialistas em meio ambiente se mobilizam para combater crimes ambientais e proteger o que resta desse bioma tão importante para o Brasil e para o mundo. A operação, que teve início em setembro de 2024, representa um passo crucial na luta contra a devastação da Mata Atlântica.
 
A ação conjunta das autoridades visa coibir atividades ilegais que ameaçam a sobrevivência da Mata Atlântica. A exploração ilegal de madeira, a expansão desenfreada da agropecuária e a especulação imobiliária figuram entre os principais inimigos a serem combatidos. A fiscalização será intensificada em áreas de maior vulnerabilidade, utilizando tecnologia de ponta para identificar e coibir o desmatamento ilegal. Drones equipados com câmeras de alta resolução e softwares de análise de imagens serão utilizados para mapear áreas de risco e identificar desmatamentos recentes.
 
A proteção da fauna e flora da Mata Atlântica também está no centro das atenções da megaoperação. Espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada e o mico-leão-dourado, serão monitoradas de perto. O tráfico de animais silvestres, crime que alimenta um mercado ilegal cruel e lucrativo, será combatido com rigor. Ações de educação ambiental também serão realizadas junto às comunidades locais, conscientizando sobre a importância da preservação da Mata Atlântica.
 
A preservação da Mata Atlântica não é apenas uma questão ambiental, mas também social e econômica. O bioma fornece serviços ecossistêmicos essenciais para mais de 145 milhões de brasileiros que vivem em seu domínio. A água que abastece as cidades, o ar que respiramos, a regulação do clima e a fertilidade do solo dependem da saúde da Mata Atlântica. Proteger esse bioma é proteger a vida de milhões de pessoas e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.
 
A megaoperação em andamento nos 17 estados brasileiros demonstra o compromisso do país com a preservação da Mata Atlântica. No entanto, a luta contra o desmatamento exige um esforço contínuo e a participação de toda a sociedade. Cabe a cada cidadão fazer a sua parte, adotando práticas de consumo consciente, apoiando iniciativas de conservação e denunciando crimes ambientais. Somente com ações conjuntas e eficazes poderemos garantir a sobrevivência da Mata Atlântica e a qualidade de vida das futuras gerações.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp