Mendanha sugere que estado faça investimento bilionário que cabe à Enel

Na foto se vê o candidato ao governo de Goiás, Gustavo Mendanha, durante entrevista à CBN

Ao que parece, Gustavo Mendanha (Patriota), candidato ao governo de Goiás, tem vem fazendo das declarações polêmicas uma marca registrada. Não bastassem as críticas às urnas eletrônicas, e ao próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), agora lança mãos das redes sociais para mencionar aporte de ao menos R$ 2 milhões, em tese à Enel, para expandir a rede de transmissão de energia elétrica em Goiás. O recurso

O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia acredita que este seria um caminho para resolver o sério problema de falta de emergia no estado e faria o aporte na hipótese de ser eleito governador de Goiás. Entretanto, cabe à concessionária, por contrato, fazer os investimentos para garantir a prestação do serviço com qualidade, não ao poder público. Além disso, conforme especialistas, o gargalo na energia não advém da falta de linhas de transmissão.

Mendanha pegou carona em declaração do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) durante entrevista ao Jornal O Popular/Rádio CBN. Na ocasião, o candidato a reeleição afirmou que a escassez de energia e a qualidade duvidosa do serviço prestado pela Enel seriam limitadores para o crescimento de Goiás. “Investir em 800 km de novas linhas de transmissão, construir 12 novas subestações de energia e reformar outras 20”. Esta seria a solução para o problema, conforme postagem do postulante ao governo.

Possíveis explicações

Acontece que para tal investimento, que, reforçando, caberia à Enel, o estado teria que lançar mão de aproximadamente R$ 2 bilhões. A tomada de responsabilidade pelo Executivo pode se justificar pela relação de Mendanha com Sandro Mabel, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e um dos principais aliados e fiadores da campanha do ex-prefeito de Aparecida.

Mabel, inclusive, já deixou clara a posição de defensor da Enel, ao ponto de promover, recentemente, audiências públicas em defesa da empresa, em aparente resposta a declarações de Caiado. O governador disse que vai trabalhar em Brasília para a empresa perder a concessão, já que não cumpriu as metas de qualidade do serviço ccontratualizadas.

Questões técnicas

Mas, conforme especialistas do setor, não faltam linhas de transmissão no estado. O exemplo dado está no paralelo entre a escassez de energia na região Metropolitana de Goiânia, assim como em Anápolis, onde não faltam essas estruturas. Os gargalos, na verdade, são a distribuição e o sucateamento do sistema, que deixou de receber novos equipamentos e mão de obras para a manutenção preventiva.

A disparidade entre o que existe e o que seria ideal pode ser traduzida em números. Seriam cerca de R$ 6 bilhões de investimentos para chegar à meta de qualidade estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). E esse valor deve ser bancado pela Enel e não pelo estado.

A deficiência da empresa é notória e se confirma ano após ano nas publicações que a colocam, repetidamente, entre as três piores distribuidoras de energia elétrica do país. A Enel rebate e diz estar fazendo investimentos para assegurar a continuidade dos serviços e aumentar a capacidade de fornecimento de energia elétrica. Não é, contudo, o que as estatísticas indicam, o que pode leva-la ao extremo de perder a concessão.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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