Menina autista de Jacareí realiza sonho de visitar fábrica de elevadores em São José dos Campos: saiba mais sobre sua paixão.

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Menina autista realiza sonho de conhecer fábrica de elevadores: ‘Ela é feliz com
pouco’

Eloá Hazel, de 9 anos, é moradora de Jacareí (SP) e tem nível 2 de suporte no
Transtorno do Espectro Autista (TEA). O hiperfoco dela em elevadores começou aos
4 anos de idade.

Menina autista de Jacareí tem hiperfoco em elevadores e visita fábrica em São
José dos Campos. [https://s01.video.glbimg.com/x240/13605516.jpg]

Menina autista de Jacareí tem hiperfoco em elevadores e visita fábrica em São
José dos Campos.

Subir e descer de elevador, apertar os botões dos andares e ver as portas se
fechando. Uma atividade corriqueira para muitas pessoas, é motivo de alegria e
realização para uma criança autista do interior de São Paulo. Mais do que um
frio na barriga ao andar de elevador, a menina tem hiperfoco – e um encantamento
– pelo equipamento.

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Segundo a família, Eloá Hazel, de 9 anos, é moradora de Jacareí
[https://DE.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/cidade/jacarei/], no interior de
São Paulo. Ela é autista, sendo classificada como nível 2 de suporte no
Transtorno do Espectro Autista (TEA). E o hiperfoco dela são os elevadores.

O hiperfoco é uma das características das pessoas diagnosticadas com o
Transtorno do Espectro Autista (TEA). O termo é usado para descrever o estado de
concentração intensa em um determinado assunto.

Em entrevista ao DE, a mãe de Eloá, Dayanni Vanessa, contou que a filha começou
a ter hiperfoco em elevadores aos 4 anos de idade. Desde então, sempre que a
menina vai a algum prédio ou estabelecimento que tem o equipamento, a criança
visita o espaço e memoriza os detalhes de cada elevador, além de subir e descer
entre os andares, o que pra ela é um passeio.

A paixão especial pelos elevadores ganhou uma nova etapa recentemente, quando a
menina realizou o sonho de conhecer uma fábrica de elevadores que fica em São
José dos Campos
[https://DE.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/cidade/sao-jose-dos-campos/],
cidade vizinha de Jacareí. No local, Eloá acompanhou todas as etapas de produção
e conheceu mais sobre o equipamento que a deixa tão feliz.

A mãe conta que a experiência foi um marco importante para a filha, que se
sentiu realizada, e também para a família, que viu Eloá com um sorriso genuíno
estampado no rosto.

> “Ela adora apertar os botões. Quando sobe ou desce, fica tão alegre que
> contagia quem está por perto e as pessoas acabam sorrindo junto. A felicidade
> de um filho é a dos pais. Ver ela sorrindo e balançando os bracinhos, enche
> nosso coração de gratidão a Deus por essa criança ser feliz com tão pouco”,
> contou emocionada.

Segundo a mãe, o comportamento com o foco em elevadores vai além de uma simples
curiosidade, pois a filha consegue até reconhecer prédios por causa dos
elevadores. Ela vai associando os modelos de elevadores aos locais que passa.

> “No consultório, ela corre para a frente do elevador, quer ser a primeira a
> apertar o botão. Quando passamos pelo prédio Boulevard, ela diz ‘olha, mãe, o
> Boulevard!’, porque lembra do elevador. Ela tem um vínculo afetivo com isso”,
> comentou.

O hiperfoco é uma característica comum entre pessoas com transtorno do espectro
autista (TEA), definida por uma atenção intensa, prolongada e seletiva sobre um
único tema.

Durante esse período, a pessoa pode se desconectar do ambiente ao redor, ignorar
estímulos externos e até mesmo necessidades básicas, como fome ou sono.

De acordo com a fonoaudióloga Elisabeth Crepaldi de Almeida, esse padrão está
presente em até 90% das pessoas autistas, sendo importante que haja um trabalho
multidisciplinar para orientar e aproveitar esse padrão de comportamento.

> “Quando bem direcionado, o hiperfoco pode ser valioso para o desenvolvimento
> da pessoa com autismo, da linguagem à alfabetização e até às habilidades
> sociais. É possível transformar esse interesse em ponte para o aprendizado,
> desde que respeitando o tempo e os limites da criança”, afirmou a
> fonoaudióloga.

A especialista reforça que o hiperfoco também pode representar um desafio em
alguns contextos.

> “Quando o foco intenso começa a interferir na rotina, como na alimentação, no
> sono ou na socialização, é preciso atenção. Nesses casos, pode ser necessário
> um plano de intervenção com apoio de profissionais como fonoaudiólogos,
> psicólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos”, disse.

> “Trabalhar o hiperfoco exige acolhimento e estratégia. Não se trata de
> eliminar o interesse, mas de torná-lo funcional e saudável. Uma criança que
> ama elevadores pode aprender matemática contando andares, desenvolver
> linguagem ao descrever o funcionamento ou socializar ao compartilhar o que
> sabe com colegas e professores”, finalizou.

Antes de ter o diagnóstico de autismo, Eloá Hazel teve uma batalha ainda maior
em sua vida. A menina nasceu com Sequência de Pierre Robin (SPR), também
conhecida como Síndrome de Pierre Robin.

É uma condição rara que afeta bebês, caracterizada por uma tríade de anomalias:
mandíbula pequena (micrognatia), língua deslocada para trás (glossoptose) e,
frequentemente, fenda palatina.

Segundo a mãe, ela tinha muita dificuldade de respirar e, consequentemente, de
mamar.

“Os primeiros meses de vida dela foram verdadeiras batalhas, mas graças a
associação AAFLAP, de São José dos Campos, e ao Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais (HRAC-USP), em Bauru
[https://DE.globo.com/sp/bauru-marilia/cidade/bauru/], ela foi muito bem
atendida e sempre teve os melhores resultados naquela situação que estava
passando”, lembrou.

Como esteve em constante acompanhamento médico, os pais notaram que Eloá tinha
algumas dificuldades, como sentar, rolar, segurar brinquedos e foi através disso
que eles procuraram um neuropediatra, quando a menina estava com 8 meses.

“Desde então, ela foi acompanhada por uma especialista que sempre me pediu
paciência quanto ao laudo, porque ela queria ter certeza se era autismo ou
atraso do desenvolvimento, devido às condições e restrições que ela teve ao
longo dos primeiros anos de vida. Foram 4 anos para, enfim, termos o diagnóstico
de autismo”, explicou Dayanni Vanessa.

“Nós focamos que ela tivesse a melhor qualidade de vida possível. Foram anos de
muitos desafios, mas hoje podemos dizer que fizemos um ótimo trabalho”,
completou.

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