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Menina faz Enem e morre de câncer, mas deixa um exemplo

A estudante Marília Seriacopi, 16 anos, prestou a última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como treineiro, mas não pode conferir seu resultado. A jovem morreu no dia 19 de janeiro devido a um câncer.

No entanto, a mãe da estudante fez questão de consultar e divulgar a nota da menina. E, desde então, a história dela tem sido motivo de inspiração e orgulho para muitas pessoas.

Na edição passada, Marília foi uma das candidatas que fizeram a prova do Enem no hospital. Em meio às quimioterapias, melhoras e recaídas, a estudante se esforçava para continuar acompanhando o conteúdo escolar.

Mesmo estando afastada da escola, Marília, que queria cursar medicina, descobriu que poderia fazer a prova do Enem sem precisar sair do quarto hospitalar onde estava internada, no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci).

E foi com a bagagem que ela já tinha, mais os ensinamentos que recebeu no hospital, que ela se preparou para o exame e realizou a prova no quarto do hospital.

A mãe de Marília disse, que no dia da prova a jovem teve dor na cabeça, nos dentes e febre, mas mesmo assim não desistiu de realizar o exame.

No início da semana passada, quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou as notas, Regina fez questão de conferir e anunciar o resultado da filha nas redes sociais.

“Eu achei que seria importante para ela. Seria como fechar um ciclo”, explica a mãe. A ideia de divulgar para outras pessoas fazia parte de um caminho que Marília começou a traçar quando iniciou o tratamento: o da solidariedade.

“Ela sempre foi muito preocupada em ajudar os outros. E mostrar o esforço e determinação dela para motivar outras pessoas que possam estar passando por situações semelhantes, ou até mesmo mostrar que é possível se manter firme em momentos difíceis é uma maneira de continuar o que ela gostava de fazer”, declara a mãe.

A média de Marília foi de 620 pontos em cada prova. Na redação, a estudante marcou 640. A pontuação seria suficiente para conseguir a certificação do ensino médio.

Depois da publicação da nota da filha, Regina conta que recebeu muitas mensagens de gente que tinha se sensibilizado com a história e que estava se inspirando para conseguir superar seus próprios desafios.

“Pessoas que achavam que não poderiam mais passar na prova, por conta da idade avançada, ou pais que queriam ajudar a incentivar os filhos me agradeceram e usaram a história dela como inspiração. Isso pra mim é muito gratificante, e tenho certeza que para a Marília também”, conta a mãe.